sexta-feira, fevereiro 21, 2020

Saudações Portugalito


A malta cá da linha da frente está toda bem e cheia de notícias fresquinhas para vos dar.
No passado dia 2 de Fevereiro saímos do Sumbe rumo ao Uquende para uma semaninha de trabalhos…
Estamos a continuar o processo de tratamento das chapas para o telhado da nova capela. Lixar, polir e pintar. Uma tarefa bem demorada, mas necessária. Nos intervalos para desanuviar fizemos novos "marcadores de guardanapo". Bem bonitos!
As novidades mais fantásticas e “mirabulásticas” da semana foram que já temos um quadro no nosso Uquende que deixou os olhinhos das nossas crianças a brilhar de tanta alegria. Obrigado Portugal por esta dádiva que chegou até nós com o Contentor (Julho de 2019). E o nosso tio Ventura fez uma chaminé que suscitou a curiosidade de toda a comunidade e que depois de ver a utilidade e de se perceber que o fumo “já era”, começaram a chover encomendas de chaminés para todas as mamãs do bairro.
As manas, exaaaaaaustas do trabalho burocrático de cartório foram exercitar as pernocas e apanhar abacates à lavra da mãe Carolina. Conhecemos uma nova fruta, “môiôiô”, mas é bem azeda e ácida… vimos os porcos, e os produtos da época na terra (canas de massambala e canas de açúcar, batata doce, banana, maçã, vários tipos de verduras, etc.).
Em casa o Sr. Padre David instalou um sistema de baterias que se encontram em fase de testes para depois se poder colocar painéis solares como alternativa à energia proveniente do gerador.
Dia 14 a equipa deslocou-se para a sede da missão, a Donga, pois, dia 15, sábado, tivemos encontro e avaliações para os catecúmenos.
Claro que o trabalho não falta por estas bandas e já iniciamos com as lavoiras da ginguba. Aqui continua-se a semear da forma tradicional – dois bois, uma charrua, um charrueiro, dois semeadores e muito suor a escorrer pelo rosto de todos, que o trabalho do campo é bem duro.
Nas nossas hortinhas perto de casa também temos recolhido alguns produtos bem deliciosos, alface, beringela, beldroegas, couve, maracujás gigantes, etc.. Também houve aumento na família, nasceram três bacorinhos e dois cabrititos.
Em relação à saúde dos nossos camungungos, continuam a chegar até nós muitos casos de paludismo. É uma situação que nos preocupa, mas o facto de virmos à cidade do Sumbe com regularidade permite-nos obter os meios necessários para ajudar as pessoas. Também na manhã do dia em que íamos regressar à casa Ondjoyetu (Sumbe) houve um acidente entre duas motas que colidiram, resultando disso alguns ferimentos que necessitaram da nossa intervenção. Felizmente nada de muito grave.
Este ano o nosso catequista residente na missão, que todos bem conhecem, Tio Calei, acolheu duas netinhas e uma chará da mãe Feliciana (sua esposa). As três meninas continuam à espera, bem como as outras crianças, do professor da 1ª classe que até então nunca apareceu… Assim, as manas aproveitam o tempo para fazer a iniciação através do grafismo. Obrigado à família Abílio Mena e Cátia, amigos do Lobito. E como a vida não é só trabalho, fizemos junto com as meninas umas pulseirinhas de “boa sorte” para o primeiro ano lectivo delas. Obrigada pelas linhas de croché que nos enviaram a partir de Portugal.
Dia 17, dia de viajar até ao Sumbe, pelo caminho “escapámos lá” de parar para comer umas belas espetadas. Pela picada, avistámos a jovem Celma que tinha caçado uma bela amostra de insectos com predominância de uns apetitosos gafanhotos J.
No Sumbe, estamos a preparar a nossa subida ao Gungo e aproveitámos para dar um pulinho à Catedral onde se consegue sentir a maresia e apreciar aquele lugar de encontro com Deus. Assim nos despedimos alertando para o facto de que a próxima temporada irá ser de duas semanas seguidas no Gungo. Portanto preparem os vossos corações que estamos a vir!

A Linha da Frente 











sexta-feira, fevereiro 07, 2020

Walalé Puto?!



Quanto tempo… É verdade já passaram umas semanitas e nem acreditamos que já é Fevereiro! O tempo urge nestas bandas.
Bom! Recuando… Dia 11 de Janeiro a equipa missionária subiu até à Donga numa viagem que se revelou muito difícil e exigente para todos. Está a chover e, como podem imaginar, a picada colocou as suas garras de fora! Connosco foram 5 seminaristas: 3 estudantes de Filosofia (João, Robertino e Aguiar) e 2 de Teologia (Isaías e Evaristo). Um caminho de 12 horas com desafios a cada passo. Nesta viagem o Unimog (o nosso Elefante) acompanhou-nos par e passo, puxando-nos 2 vezes, mas, mesmo assim, o Cavalinho (Land Cruiser) saiu muito cansado e ferido. Um pneu furou, um dos depósitos de combustível também, o apoio das molas de trás na parte onde fixa o amortecedor também quebrou do lado esquerdo, e no mesmo lado, mas à frente, o amortecedor também se separou.
Dia 12, Domingo, dia do Senhor, celebrámos a nossa Santa Missa e, à tarde, deu-se início à Assembleia da Missão que decorreu até dia 15. Daqui resultou a avaliação do ano transitado e o acerto das actividades a desenvolver neste novo ano. Depois disto, os nossos queridos seminaristas dividiram-se em duas equipas para cada uma visitar 4 centros diferentes e, no final de 3 ou 4 dias em cada Centro, regressaram à Donga. Entretanto, no Gungo, estava outro seminarista que terminou o seu tempo propedêutico e que resolveu juntar-se aos companheiros. O nosso querido Ângelo Guelenguele do centro do Chitonde.
Outras tarefas foram-se executando como o trabalho na horta, a continuação da recuperação da cisterna, desentupimento da canalização de esgotos, tirámos o motor da Mula (a nossa velhinha Toyota Hilux) para tentar reparar em Luanda, descamisámos e debulhámos milho, descascámos ginguba (amendoim), etc.
Entretanto, a mana Sírvia (como as crianças gostam de lhe chamar) ficou no Sumbe e com a jovem camungunga Cristina (que reside na nossa casa para conseguir estudar) ficaram com a missão de ir até Luanda buscar o nosso tio Calei. Foi um mesinho a Portugal visitar o netinho, o nosso querido pequeno Vítor e aproveitar para rever a família dos ONDJOYETUS e conhecer outros amigos e benfeitores. No regresso aproveitámos para a habitual fotografia no Miradouro da Lua.
Neste período, dia 15, em Luanda também acompanhámos e festejámos o dia em que Arnaldo Jansen fundou Verbo Divino. Mais um motivo de alegria foi a ordenação de 5 jovens para esta congregação de verbitas. Parabéns a si também Padre “Jaquim”! Uma vez acolhidas nesta casa a mana Sílvia foi passar o dia no CAAJ, um centro de acolhimento de crianças e jovens do sexo masculino que por variadíssimas razões ali foram parar. Sob a supervisão e orientação do Irmão Facatino, têm comida, cama, roupa lavada,… um lar onde viver! Além da possibilidade de estudarem também recebem apoios de voluntários, empresas e particulares que doam o que podem. Tempo, sopa, cursos de informática, aulas de reforço escolar, passeios, etc.
No Sumbe ainda houve tempo para fazer um bolinho com as crianças que frequentam a nossa casa para levarmos á equipa que já estava no Gungo, porém tivemos de o provar antes e estava uma delícia. Quem gosta de fazer bolos e mais ainda de os comer, fica a sugestão: Bolo Verde, mas com salsa e rúcula, e, por cima, uma cobertura de chocolate.
Dia 18, Tio Calei, mana Sílvia e mano Mário subiram até ao Gungo de Unimog ao encontro da restante equipa que se concentrou no Uquende para mais uma semana e meia de trabalho na Capela. As manas crivaram areia e convocada a comunidade decidiu-se fazer o altar de forma arredondada e o ambão e o altar em BTC (Bloco de Terra Comprimida). Próximos trabalhos para a nossa subida ao Uquende serão continuar a fazer o rejunte das paredes e tratar das chapas para o telhado.
Na cozinha foi feita uma base com blocos para se fazer fogueira e cozinha ao lume (que deixa a paparoca bem gostosa) e vamos tentar fazer uma chaminé por causa do fumo.
As manas ocuparam-se de manter a criançada activa numa época de véspera de iniciar o novo ano lectivo. Sabendo nós de antemão que nem todos vão poder estudar, ainda assim rezámos e rezaremos (pedindo que também coloquem nas vossas orações esta intenção) para que consigam vaga! Além dos B-A-“BA’s” também jogámos vários jogos didáticos e fizemos pompons com lã para enfeitar o nosso altar e ensinámos a fazerem pulseirinhas com linha de croché. Foi-se ao rio lavar roupa, fizemos pão e também se fizeram muitas consultas, com casos de paludismo, queimaduras, inflamações, feridas, tosse, dor de cabeça e barriga, etc.
Ainda conseguimos fazer equipas para: um dia ir até À Donga buscar blocos de BTC e carregar o Elefante com areia para os trabalhos da capela do Uquende; outro dia para carregar pedra na zona da Pamba, também para a capela; e mais 2 dias para carregar pedra na zona do Aweco e fazer trabalhos exclusivamente para a picada. Na picada houve vários sítios de intervenção, onde fizemos valas para a água poder escoar e cortámos capim alto e troncos que impediam a nossa passagem incluindo a das motas. Mas só nestas deslocações encalhámos em 3 vezes em sítios diferentes… Bom, mas o sítio de destaque foi mesmo o “Mameiro”, colocou-se 4 carradas de pedra (já em Outubro tinham sido postas 2) e cavaram-se mais valas por forma a impedir a acumulação de água. A verdade é que dá para passarmos, mas é um dos pontos que continua a apresentar muita dificuldade. É uma junção de terra e lodo que com uns pingos de água fica muito mole e faz “empapar” as rodas do carro, quando seco é tão rijo de cavar que ninguém acredita no que se transforma. Levámos algumas mães para cozinharem e muitas crianças para nos ajudar, almoçamos em partilha e foi muito divertido para todos para além do grande mérito que todos tiveram no empenho.
Domingo dia 26 fomos até ao Centro do Chitonde para celebrarmos a nossa Santa Missa e regressámos ao Uquende.
Terça dia 28, um dos dias em que fomos apanhar e carregar pedras no Aweco, encontrámos uma jovem em trabalho do seu primeiro parto desde o dia anterior. A família já tinha recorrido a um parteiro que foi fazendo o que podia com os meios ao seu alcance. A noite chegou e nós junto dos pais e marido levámos a menina ao posto de saúde do Uquende, mas as pessoas tinham-se deslocado para outras zonas. Tivemos o conhecimento de que no bairro estava um enfermeiro proveniente de outra localidade que prontamente se disponibilizou a ajudar-nos. A deslocação até ao Uquende já foi muito complicada e sabermos que chegar ao Sumbe iria ser muito pior. Mas em unanimidade decidimos arriscar a picada para salvar aquelas vidas. Saímos por volta das 3h da madrugada e chegámos ao hospital pelas 9h. Após alguns contactos já tínhamos uma equipa à nossa espera. Infelizmente o bebé já saiu morto, mas a mãe encontra-se bem e em recuperação. É mais uma das histórias do nosso Gungo. Já existe o Projeto da construção de uma UMIG Unidade Materno Infantil idealizada pela nossa querida “ondjoyeta” Inês Figueiredo, mas são coisas que não se implementam de um dia para o outro. Assim seguimos na esperança do seu avanço rápido e rezando para que possamos sempre acudir a todas as pessoas que se encontrem em momentos de aflição e sofrimento como este.
Dia 30 fomos para a Donga e no dia 1 de Fevereiro houve Encontro de Jovens guiado pelos seminaristas, avaliação de catecúmenos e Conselho Permanente para a programação dos próximos tempos da missão.
No dia seguinte adivinhem a nossa aventura!? Fomos caçar mel. É delicioso colher e degustar na hora esta dádiva das amiguinhas abelhinhas. Que sorte termos encontrado o tesouro delas! Tipo o desenho animado Winnie the Poo, até agora ainda nos devem estar a chamar de “gatunos” J
Dia 3 descemos para o Sumbe para vos partilhar as nossas andanças e preparar toda a logística da próxima subida que é já amanhã, sábado, dia 8. Nestes 4 dias, fomos ao peixinho do Quicombo num dos dias e noutro à água da Conda. E ainda: Atenção, muita atenção… fizemos pizzas que estavam uma maravilha e fizemos (invenção da mana Ção Julião) doce de maracujá gigante, que é tipo o “doce dos Deuses”.
Pronto, dizer-vos que estamos todos bem e animados, a sentir que o trabalho é muito e que o tempo já está a acabar. Em breve vamos regressar e fica tanto por fazer… Mas como se diz por estas bandas “catito, catito”. E cá vos esperamos também para dar continuidade a esta grande missão que é de todos nós.
Forte abraço da Linha da Frente