quinta-feira, junho 27, 2019

De bairro em bairro e algo mais


Nova capela do Uquende
Mini pasteleiros
Mais uma semana se passou e cá estamos de regresso ao Sumbe para preparar mais uma subida, mas sobretudo para tratar de papelada, afinal de contas, o contentor está para chegar e com ele o grupo da UAASP (União das Associações dos Antigos alunos dos Seminários Portugueses) que acolheremos durante duas semanas, mas já lá vamos.
Como já sabem, o mano Humberto tem ficado pelo Uquende a ajudar os mestres a levantar as paredes da nova capela e felizmente já existe um buraco para as janelas e também para o portal de entrada! Isto é, o lintel do lado esquerdo e da frente da capela já têm betão e em breve os blocos chegarão à altura do telhado. Falta ainda chegar ao lintel do lado de trás da capela e do lado direito. Já se começou a preparar os ferros dos pilares para receber a estrutura metálica e, entretanto, será tempo de a colocar no ar. Está a ficar bem bonita! Já tem duas cruzes, uma cruz em cada lado do portal, que dão assim alguma identidade à capela.
Bairro do Lungenge

Bairro Bambi
Bom, entretanto a restante equipa subiu também ao Uquende onde pernoitou até quarta-feira, sendo possível dar uma ajuda no avanço da construção e na educação das crianças (com uma aula de pastelaria J). Seguiu-se a visita aos bairros do Chitonde. Nesses dias o mano Humberto permaneceu no Uquende a continuar a avançar com a obra e, no Sábado à tardinha, pegou na "Husqvarna" (mota da missão) e juntou-se à restante equipa já na Ndula.
Durante a semana a equipa pernoitou no bairro da Ndula, também denominado de Cacumba. É um bairro que já tem acolhido a equipa diversas vezes e onde mais uma vez, há sempre uma “mãe” para cuidar de nós com carinho, a Dona Imaculada com a jovem Isabel que ajudaram o nosso mestre cozinheiro, o avozinho Filipe.

Na quinta feira visitámos o bairro do Lundjenje (lugar de uma antiga fazenda), na sexta o Bambi e no sábado o bairro da Chipinga (um local conhecido por uma grande fazenda dedicada ao café). O domingo foi celebrado na Ndula onde se concentraram várias pessoas para o encerramento da visita ao Centro do Chitonde. Estiveram presentes ainda os representantes da Tuma e do Apostolado da Oração. Assim, tirámos a famosa fotografia de grupo e a tarde foi dos miúdos e graúdos que se fartaram de brincar, rir e pular (aproveitámos ainda para trocar conhecimentos, eles ensinaram-nos Umbundo e nós retribuíamos-lhes com o Inglês).
Comunidade na Ndula
Comunidade da Chipinga e Chitõla
As visitas aos bairros seguiram a estrutura habitual, recepção do “patele” (padre) e a Equipa pela comunidade com cânticos e muita alegria seguida de uma mensagem de boas vindas. Depois um momento destinado às confissões, a missa e o almoço, a ementa já sabem o que é: barriga de missionário, cemitério de … ? (Galinha!) Por fim reúne-se o Ondjango do bairro para discussão de vários temas referentes à comunidade. Neste espaço de tempo tenta-se concentrar as crianças num local mais recolhido para assim todos podermos aprender uns com os outros de uma forma mais lúdica onde os jogos reinam e as letras são o salva-vidas.
Encerrada esta etapa, voltámos a subir ao Uquende para, assim, preparar a nossa descida ao Sumbe. Algumas retificações, umas organizações de boleias, umas confirmações na obra da capela, mais umas manutenções à nossa moagem e siga! Vrrruuummm, vrruuuummm, Chegámos ao Sumbe.
Agora cá estamos em preparação para a receção do contentor. Estamos a fazer um barracão, a reorganizar o armazém e espaços de arrumos para conseguirmos mais espaço, a dar a volta à casa como aquelas limpezas a fundo de primavera, e a tratar de toda a papelada burocrática inerente ao processo do contentor e à recepção das nossas próximas visitas.
Xauééééééé.
A Linha da Frente

sábado, junho 15, 2019

“Em busca do vale encantado”

Olá amiguitos e amiguitas, lembram-se desse filme? Eram uns desenhos animados de dinossauros. As paisagens do nosso Gungo também são assim, encantadoras. Ora montanhas que se perdem de vista pela neblina matinal, ora montanhas radiosas iluminadas pelo belo pôr-do-sol. Ora vales viçosos e verdejantes, ora vales dourados pelo tom rosado da plumagem do capim. Ora florestas cerradas que nos cegam pela luz das suas reentrâncias, ora florestas abençoadas e desbravadas pela sua múltipla diversidade. Foi assim a magia da semana que deu início à visita dos bairros. Que poético, não é!? Mas, antes de vos contarmos mais, falta saberem do dia da criança…

Chegámos no passado dia 1 de Junho ao Uquende por volta da hora de almoço e, depois de almoçar,... FESTA! Não podíamos deixar os nossos camungunguinhos sem comemorar o Dia Mundial da Criança. Então fizemos um pequeno Peddy Paper de equipas onde, em cada estação, tinham que responder a algumas perguntas (ex: sobre a moagem, cultura, ciclo J (ex: teste à visão, olfacto e tacto; luta do lenço nas costas, …). Também tirámos uma fotografia a cada equipa com adereços e decorações feitos noutras estadias anteriores com as crianças. No final do dia, após a oração da noite, assistimos ao filme “O livro da Selva”. Ainda neste dia, quando estávamos na estação da nossa Olumema Olumema (moagem) tivemos uma bela surpresa, a visita do Biólogo Pedro Vaz Pinto (dedicado à Palanca Negra, símbolo de Angola) e do Ornitólogo Michael Mills (um Sul Africano de referência no mundo dos pássaros). Vinham à procura de um pássaro que só existe em Angola e como já está extinto em zonas que eles conheciam devido à intervenção do Homem (nomeadamente devido ao corte de árvores) queriam confirmar se ainda existia algum exemplar no nosso Gungo porque na última visita em 2005 encontraram-no.
Lonjuio

da água,…), pelo meio umas cantigas, e realizar alguns jogos educativos evidentemente
No Domingo os nossos novos amigos foram à procura do tal passarito pelas áreas da Chitiapa e Belém e nós fomos celebrar a nossa Missa e depois de almoço, como o Dia da Criança “cuiou”, teve “repete”. Mais umas cantorias, uns jogos (ex: transpor uma teia; rebentar balões com rebuçados de olhos vendados;…) e, no fim do dia, o filme “A Idade do Gelo”. Ao jantar os nossos amigos desvendaram-nos as suas aventuras na picada e a alegria de terem descoberto o celebre passarito.
Na segunda após a oração da manhã explicaram para a comunidade presente quem eram, o que faziam, como trabalham e mostraram as técnicas e equipamentos que os acompanham. Foi engraçado ver a reação das pessoas quando eles faziam ecoar os sons e cantos dos pássaros, rapidamente os identificavam e diziam os nomes no dialeto. Eles regressaram às suas vidas e nós continuámos com os nossos trabalhinhos…
A capela do Uquende já vai na 23ª fiada e em breve já estaremos a passar a parte das janelas.`
Pamba
Ahhh é verdade, ainda não dissemos, mas estamos todos bem e na esperança que vocês aí no nosso Portugalito também.
Na terça fomos visitar o bairro do Lonjuio (para quem conhece está o monte Ico ao fundo), na quarta o bairro da Pamba, na quinta o Eval Dungo e na sexta o Ulundo. O programa para as visitas foi atender às confissões em primeiro lugar, depois missa, almoço e, de seguida, reunião de Ondjango do centro para saber como decorre a vida comunitária de cada bairro. Todo o restante tempo foi dedicado às crianças e jovens com jogos de estimulação física e cognitiva independentemente das suas limitações, assim se procura sempre a inclusão e participação de todos.

Durante as nossas visitas tivemos a companhia do secretário do Ondjango do Centro do Uquende, o Isaac, e a mãe Carolina do Uquende também fez questão de nos acompanhar para nos apoiar na logística de algumas visitas.

Eval Dungo






Em todos os bairros na nossa receção e despedida fomos muito bem acolhidos com palmas e cânticos a acompanhar o trajeto do carro. As pessoas são muito atenciosas, mal desligamos o cavalinho (carro) já nos estão a oferecer a famosa cadeira com o belo copo de água. E toda a envolvência, a diversificada paisagem, o arco-íris de borboletas que se atravessam, as casas, a cor da terra, tudo, tudo é mágico.
Muito mais haveria a descrever, mas fica para a próxima… Vamos voltar já amanhã (15 de Junho) para o nosso Gungo, com destino ao Uquende, mas a semana será para percorrer alguns dos bairros do Centro do Chitonde.
Com muito carinho nos despedimos e já estamos a contar os dias para a chegada do nosso contentor.
Muito obrigada por nos acompanharem desse lado. Estamos juntos no mesmo caminho (ondjila)!

Saudações da Linha da Frente.
Ulundo