sexta-feira, julho 23, 2021

No Calipe, Chitiapa e Donga

 Saudações,


Na última quinzena, subimos à Donga, passámos a noite e, no dia seguinte fomos até ao Calipe. Há quase dois anos que não íamos àquele bairro. 

As visitas aos centros permitem estar mais perto das pessoas e elas sentirem a Equipa Missionária mais perto. É aí que se falam problemas e alegrias das comunidades que nem sempre chegam ao Conselho Permanente ou, por vezes, são falados sem os seus intervenientes directos. Administrou-se a Unção dos doentes a 3 idosos, fez-se reunião com os conselhos de cada aldeia, um encontro de jovens, encontro com os membros dos movimentos apostólicos, a celebração da Eucaristia, o sacramento da confissão, cadastramento de muitos fiéis que ainda não estavam no ficheiro da missão...

Para os que conhecem o Calipe: A tartaruga continua no cimo do monte e esta foto é do menino Valdomiro e a sua mana.

A meio da semana saímos do Calipe rumo à Chitiapa para aí estar até ao final da semana. A mesma proximidade, o mesmo género de actividades para contactar de perto com as pessoas individualmente e com a comunidade em geral. Na Chitiapa uma das particularidades foi o encontrar uma comunidade um pouco dispersa devido à passagem de um Quimbanda (bruxo) que deixou as pessoas confusas e divididas e até alguns litígios dentro de algumas famílias. Foi preciso, numa sessão comunitária falar das coisas abertamente e ajudá-los a perceber os enganos em que caíram. Já não foi a primeira vez que estive naquele centro e bairro a debater este assunto. É assim, no meio do povo, que vamos ajudando a lidar com os problemas e dificuldades do dia a dia. 

Da semana na Donga falarei depois...


sexta-feira, julho 02, 2021

Mais uma Quinzena em missão

Duas semanas se passaram e já voltámos à cidade do Sumbe, voltaremos a subir às nossas montanhas já sexta-feira dia 2 de Julho (Ups! Já é hoje!). Agora com a equipa reduzida sou eu e o avozinho Filipe por esta picada acima e abaixo e um ou outro passageiro que nos pede boleia...



Nesta temporada foram atendidos cerca de 130 doentes que apareceram na Missão a pedir consulta. Um pouco acima da média. Muitos destes casos eram de paludismo, cerca de 90. Infelizmente terminaram os testes rápidos que nos indicam com alguma precisão se as pessoas têm ou não paludismo porque esgotaram no armazém onde habitualmente conseguimos comprar. Mas a experiência vai ajudando a observar no organismo humano os sinais permitindo com alguma exactidão chegar ao diagnóstico ou despistá-lo.

Numa das consultas por volta das 19:00h: um bebezinho com 15 dias que deixou de mamar desde a manhã desse dia... Aparência de prematuro com boca bem pequenina… Um grupo de pessoas a acompanhar (12 adultos e alguns bebés cocados!) Parecia uma situação dramática… Depois de analisada a situação, uma primeira experiência: a mãe tirar leite e dar-se com uma seringa no canto da boca… E resulta! Ele está a aceitar… e duas e três seringadas (de 5ml). Depois chamámos a avó para ela experimentar fazer a operação e oferecemos à mãe copos e seringas para que ela pudesse tirar o leite e dar e ensinámos a esterilizar o material e todos os cuidados de higiene e nutrição necessários para ambos. O problema era apenas o bebé ter a boca ainda pequenina e, felizmente ali o remédio estava na mãe. Passado uns dias disseram que já estava a mamar por ele mesmo.

Também no campo da orientação para a vida e orientação espiritual vai sendo preciso ajudar alguns que vêm para partilhar e desabafar angústias e incertezas. É a saúde do espírito por vezes em perigo. Assim ajudamos a crescer por fora, mas também por dentro. Dar coragem para novas etapas. 

A nível da pastoral houve encontro do concelho permanente para planificar mais uma temporada, agora até ao final do mês de Agosto. Vamos aceitar o desafio de fazer visitas aos centros em tempo de pandemia com as adaptações necessárias. Num dos fins de semana na Donga tivemos um encontro para noivos, mas, estranhamente, só apareceu um casal mas receberam tudo a que tinham direito. No fim de semana seguinte foi a vez da preparação para o baptismo de famílias dos centros do Caponte, Ondjila e Calipe. Pais de cerca de 60 crianças (alguns com 2 e 3 filhos para o Baptismo) com algumas das crianças, cestos e panelas passaram 3 dias para viver mais um passo de preparação.

Em relação às obras, a equipa dos trabalhos avançou com os balneários públicos: terminámos a cofragem e betonagem da laje dos chuveiros, iniciámos o levantar das paredes e já colocámos tampas na fossa e caixas de passagem dos esgotos… Vão-se concretizando projectos que já passaram por muitas cabeças e mãos e contam com muitos contributos dos missionários que cá passaram desde as ideias, ao projecto ou à execução.

Na serralharia vão-se operando alguns pequenos milagres em que “a sucata vira mota!”. Já se tornou quase um lema quando os motoqueiros chegam com os chassis todos partidos e saem dali a aceleram para mais um tempo. Vão-se fazendo também alguns trabalhos para a “casa”.

No nosso estaleiro crivámos terra e estamos a produzir mais BTC (blocos de terra comprimida) a pensar na casa de apoio aos catequistas – nestas duas semanas produzimos mais ou menos 1200 blocos e a produção irá continuar até aos 8000.

Nas mecânicas: Umas afinações do Camião (Unimog mais conhecido por Elefante Branco) para que assegure os transportes entre os quais a tão preciosa água; Os geradores que teimam em querer também os seus mimos e as manutenções habituais no Cavalinho (jipe Land Cruiser) para que não nos falhe.

A moagem do Uquende Já vai revelando algum cansaço. O moleiro desalentado: “Porque as avarias só acontecem no meu turno!” veio à missão. O que será? Consegui um dia com disponibilidade para dar uma fugida. Parecia coisa “de feitiço” pois o motor não parava mesmo desligando no botão… Uma pequena peça saiu do sítio e desregulou a aceleração. Umas horinhas e afinações depois… e está a trabalhar como um relógio… Saltitão! As mamãs estão contentes!

O serviço de fotocópias continua a ser crucial para que mais habitantes do Gungo sejam cidadãos conhecidos pelo estado através dos registos de nascimento e atribuição de BI. Mas também internamente estas máquinas são uma grande ajuda. Nova edição do livro do culto dominical na ausência do sacerdote para ajudar os catequistas, o guia para o ensino da doutrina, as actas do Conselho Permanente, os programas mensais que vão para todos os centros. A isto se associam as plastificações.

Na agricultura já colhemos 230 Kg de feijão manteiga e iniciámos a recolha e descaroçar da jinguba. Para esta última cultura os sinais são pouco animadores porque não vingou bem dentro das vagens. O milho ainda vai esperar secar mais um pouco. No curral nasceram uns leitõezinhos e os cabritinhos continuam a saltitar. A horta tem agora novos viveiros de couve, repolho, tomate, beterraba, cenoura e cebola, pois dizem que é o tempo “das hortas” embora dê para ter horta o ano inteiro.

Bem, por agora vamos ficar por aqui no blog porque temos de trepar os morros. Boa missão para cada um!

A Equipa Missionária