sábado, junho 20, 2020

Confinados, mas activos!


Subimos ao nosso Gungo no passado dia 30 de Maio e, pelo caminho, fomos distribuindo doces e balões antecipando o Dia da criança (1 de Junho) que este ano não podemos comemorar com uma festa de arromba como no ano passado, mas fizemos questão de o marcar de alguma maneira. Como a picada é extensa e a média das nossas viagens para 137km é de 9h, já estava a ficar escuro e esta tarefa terminou na viagem de regresso ao Sumbe no dia 16 Junho. É tão bom ver os seus sorrisos e os pulos de alegria, sentir a felicidade destes pequenos que vão ser o nosso amanhã… Que estes sentimentos encham também os vossos corações, muitas destas prendinhas vêm da vossa generosidade. Aproveitamos para reiterar o nosso agradecimento por todos os apoios, por estarem perto e viverem a Missão connosco. Sim, todos os apoios! Não só os materiais, mas também os telefonemas, as mensagens, as lembranças nas datas comemorativas… Tal como crescem os filhos, também este projeto missionário se desenvolve e são sempre precisas mãos amigas para o cuidar e proteger.
Finalmente chegou à Donga o atrelado! Este atrelado era uma rolote que foi transformada para vir servir a Missão. Veio de Portugal num barco até Luanda, depois de camião até ao Sumbe e de Unimog até à missão. E já trabalhou! Com a nossa gingubinha (amendoim) da lavra.
Estes tempos têm sido duros, é preciso cavar a terra que está bem rija para assim desenterrarmos a ginguba. Depois fica a secar, ripamos da planta, fica mais um tempo ao sol e é ensacada e armazenada à espera de ser malhada e escolhida para se vender. A vida do campo não é fácil e, no entanto, é um dos bens mais importantes que temos, o que garante a nossa vida. Deveríamos ter o Dia do Agricultor! Ou será que já temos?
Já terminámos a renovação do nosso galinheiro, ficou bem bonito com uma porta nova. As nossas galinhas gostaram, em duas semanas já temos 4 ninhos reservados.
A nova serralharia também está a avançar com a betonagem dos pilares e até já tem um pórtico da estrutura metálica de pé.
Trouxemos os nossos gatinhos do Sumbe para dar, já estão todos nas novas casinhas deles a caçar ratinhos e lagartixas.
Nos entretantos o nosso forno solar não pára e assim poupamos no gás e carvão para degustar deliciosos manjares.
Temos feito mais máscaras e ensinado a quem quer aprender a fazer a sua própria máscara. Quem sabe se será um novo futuro para alguém, uma maneira de se emancipar e empreender.
Continuam a chegar até nós vários casos de paludismo, ferimentos causados por acidentes de mota ou de trabalho, casos de tensão alta, enfim uma panóplia de situações que vamos tentando ajudar e dar solução.
Tudo complica com o COVID-19, mas vamos dando o nosso melhor e precavendo-nos sempre com os cuidados a ter.
Continuamos a realizar as nossas celebrações familiares ao domingo respeitando as normas e trazendo conforto para todos os corações.
Sábado, dia 13, concretizou-se o Concelho Permanente, onde se reúnem catequistas visitadores vindos dos 11 Centros que constituem a Missão. A tarefa deles é trazer as preocupações e novidades dos centros que acompanham, incluindo cada bairro, e ,ao mesmo tempo, difundir mensagens e orientações instruindo as pessoas para uma vida melhor. São o elo de ligação de uma área de 2100km2 de difíceis acessos e comunicações; os grandes apoios para o bom funcionamento da Missão.
Nesse dia fizemos um jantarinho "em conjunto" (com as devidas distâncias) e vimos o filme "Francisco, o Padre Jorge". Um filme que retrata a vida do nosso Santo Padre, o percurso dele como seminarista e os problemas e dificuldades com que se deparou no seu país e antes da sua nomeação.
Agora vamos ficar uns diazinhos no Sumbe, depois as manas Sílvia Antunes e Ção Julião regressaram a Portugal e, após a quarentena, voltaremos ao nosso Gungo.
Adeus até ao nosso regresso e continuação de boa missão a todos.

A Equipa Missionária










quarta-feira, junho 17, 2020

Olhá noticia fresquinha…


Olá Portugalito, há muito que não vos falamos, mas aqui o tempo passa mais rápido que o “expresso que parou na Piedade, pão de trigo e linguiça p’ra merenda, sempre dá para matar a saudade”…
Como sabem, no dia 14 de Abril, deixámos o nosso mano Ventura no aeroporto e sabemos que ele já está bem junto da sua família. Depois, ao regressar ao Sumbe, cumprimos a nossa quarentena, tal como manda o protocolo do COVID-19.
Neste tempo fomos até á Conda reabastecer a nossa dispensa de água, fizemos máscaras para nós e para os nossos trabalhadores, a mana Ção fez uns lencinhos para a cabeça (os “piratinhas”), os rapazes trataram da manutenção do cavalinho e do elefante, fizemos as “limpezas da Páscoa” (depois de ter passado a Páscoa, mas valem na mesma), aplicámos um produto para os bichinhos que queriam comer as nossas estantes do cartório/biblioteca e cuidámos da nossa hortinha do Sumbe que é pequenina, mas tem salsa e couve e feijão e rama de batata-doce e mufulé (folhas de abóbora) e muitas coisinhas boas e caseiras.
Preparámos tudo e fomos para o nosso Gungo encantador. Avançámos com o trabalho de recuperação do galinheiro, terminou-se a casota para proteger as torneiras da cisterna, impermeabilizámos o muro de suporte de terras da futura casa de apoio aos catequistas e apoiámos nos trabalhos das hortas e lavras. Plantámos mais uma árvore para compor o ramalhete, uma moringa, se não conhecem pesquizem, é muito boa, rica em vitaminas, por exemplo as folhas podem-se comer em sopas e saladas ou fazer-se chá…Da próxima iremos plantar 2 nogueiras que germinámos com o mano Ventura.
Desta vez a temporada na Donga foi de 2 semanas, então as manas foram até ao rio “banhar” e lavar roupa. Fez-se também trabalho de cartório e atendemos os casos urgentes para consultas. Continuam a chegar até nós vários casos de paludismo que, mesmo estando cientes do risco que corremos por via do Corona Vírus, apesar de todas as precauções (uso de máscaras, desinfecção dos espaços, lavagem das mãos com água corrente e sabão), não podemos deixar de atender estas pessoas. Infelizmente obtivemos a notícia de que um bebé que atendemos não resistiu e acabou por falecer no caminho de regresso a casa. Pálpebras, lábios, língua e palma das mãos extremamente brancas, sinais evidentes de anemia, também um dos sintomas do paludismo. Fizemos o teste e, estava positivo! Dêmos-lhe o tratamento, mas num caso tão avançado e tratando-se de um bebé de 9 meses e onde não há 1 médico, nem aparelhos, nem um hospital que o pudesse assistir e socorrer… Que o Pai do Céu embale este bebé, o Pedro Segundo, no seu colinho. Paz à sua alma!
Concretizámos também o nosso Concelho Permanente, onde debatemos acerca dos procedimentos que devem ser adoptados nos bairros, falamos e instruímos acerca das medidas de prevenção e tomámos decisões para o futuro da nossa Missão nos próximos tempos.
Nos Domingos temos feito as nossas celebrações só para as pessoas cá de casa. É estranho, mas necessário, e nas nossas orações sempre todos estão presentes. Rezem também por nós! Para que tenhamos Ecolelo linene (muita coragem).
De volta ao Sumbe ainda parámos na picada com a nossa marreta, juntaram-se a nós uns quantos motoqueiros que iam parando e todos juntos destruímos uma pedra gigante que sempre gostava de aborrecer no nosso Cavalinho Branco (Land Cruiser).
Estamos 4 diazinhos no Sumbe para abastecer e voltamos sábado para o Gungo para passar mais duas semanitas.
Relatos desde o início de Abril  a 30 de Maio de 2020.

Até à próxima cumprimentos à distância para todos.