quinta-feira, junho 19, 2014

De Regresso à Missão I

Olá, muito boa noite.
Chegar a Luanda em Junho é mais suave que noutros meses do ano. É o tempo do Cacimbo (vai de Maio a Setembro), mais fresco, sem chuva. Mesmo assim sente-se um ar algo mais “pesado”, mais húmido, sem dúvida diferente do de Portugal.
A viagem decorreu sem sobressaltos. Quando estrei no autocarro que leva os passageiros do avião para a aerogare por cima da porta estava escrito a letras vermelhas: “para sua segurança o autocarro só anda com a porta fechada”. Mas ele avançou com ela aberta, com o ar a bater-me na cara. “Ok, estou mesmo em Angola”, pensei.
À minha espera estava o Carlos, namorado da Bernardeth. Saudámo-nos e seguimos para casa dele. Quando tentei por o Cavalinho Branco a trabalhar, não queria. Demos-lhe “um encosto” com outra bateria e finalmente pegou. Mas durante o dia só foi pegando com “encostos” e empurrões de voluntários caridosos. Nem a água destilada deu nova vida à bateria cansada. Ainda no dia da chegada fui a Viana visitar a ESTPOR, empresa que nos apoia, e entregar uma pequena encomenda. E que bom almoço me deram. No regresso passei por uma empresa do ramo alimentar e o jipe ficou quase cheio de comidas e bebidas diversas. Algumas nem as compramos, mas como são de oferta, não há como aproveitar para a nossa grande família. Ao chegar a casa, o Carlos e as sobrinhas dele ajudaram-me a descarregar o jipe que no dia seguinte teria que girar por Luanda e deveria fazê-lo vazio, tanto mais que havia promessa de mais doações.
Mas o pior ainda estava para vir: os vizinhos do Carlos convidaram-no para ir lá ver o jogo de Portugal contra a Alemanha. Eu fui com ele porque durante o dia nos cruzámos com esses vizinhos que reforçaram o convite. A expetativa era grande… a bandeira portuguesa estava hasteada à entrada do portão alto em ferro. Mas estava triste e caída porque não havia vento, faltava-lhe o espírito que a fizesse voar.
Foi assim com a Seleção portuguesa. No fim do jogo, no meio de tantos lamentos e frustrações, ainda gracejei que a única coisa que tinha aproveitado daquele jogo foi a Cuca bem fresquinha que bebi. E assim nos despedimos aliviando a dor da pesada derrota.
À noite foi o reencontro com a Bernardeth, alegre e bem disposta, ansiosa por ter notícias de uma terra onde viveu durante 10 anos. E recebeu-as. juntamente com muitos cumprimentos.
A terça-feira começou com… bem, amanhã há mais.
Um abraço e fiquem bem. Cumprimentos a todos.
 
P. Vítor Mira

P.S. - Por aludir ao Mundial, fica esta foto da porta de uma casa do Gungo, onde o Cristiano Ronaldo já era conhecido em 2006 (mesmo que o nome esteja mal escrito).

2 comentários:

Anónimo disse...


Muito obrigada pelas noticias.
Espero que as diligências em Luanda corram bem.
Bom regresso ao Sumbe e à Missão.

ana carreira

David Nogueira disse...

Estamos os dois de regressos... Boa missão por aí. Muita coragem para as várias frentes.

um abraço ao nosso povo do Gungo.