18.09.2019
Paragem
para almoço, num restaurante 5 *****, condecorado com “estrelas Michelin”, por
suposto. Mais puro não existe… à sombrinha e na frescura de um pequeno riacho,
cada um de nós com o seu prato na mão, enchíamos a barriguinha.
Bairro do Chitumalo, centro da Ondjila |
Retomámos
o caminho, transpusemos pedras, pedrinhas, buracos, pontes de gravelhos,
paisagens lindas, lindas, de “cortar a respiração”.
Quase à
noitinha, chegámos à Ondjila e, após o acolhimento inicial, fizemos a oração da
noite. No dia 8, domingo, iniciámos com a oração da manhã e, depois, a eucaristia
em dia de sair com as fatiotas mais brilhantes. Durante a tarde a mana Rita
teve consultas e a mana Cândida acompanhou-a. Desta vez até o avô Filipe ajudou
como tradutor do dialeto e mestre cozinheiro que ensinou os bons hábitos
alimentares que muitas vezes são medicamento e prevenção para a saúde das
pessoas. A mana Sílvia de abraço em abraço, de colo em colo, foi brincando com
a criançada. O padre David reuniu com as famílias e com os catequizandos que
frequentam as várias caminhadas: Primeira Comunhão, Crisma…
Encontro dos jovens na Ondjila |
Na
segunda-feira, Dia 9, a manhã foi destinada aos jovens. As manas em conjunto
foram tirando dúvidas e dando conselhos sobre os mais diversos temas resultado
das preocupações características destas idades. Depois de almoço, mais
consultas… À noite, aproveitámos alguns temas abordados na manhã com os jovens
e passámos filmes sobre o nosso sistema imunitário, o exército de soldadinhos
que nos protege. Mais uma vez a nossa igreja serviu de sala de cinema com a
intenção de informar e educar para uma vida melhor e mais saudável. Ainda deu
oportunidade de ver um pequeno documentário sobre a palanca negra e o nosso
querido vídeo promocional “crianças como nós”. A palanca negra é um animal
parecido ao veado que representa um dos símbolos de Angola. Após a guerra foi
quase extinta e, graças ao amigo Pedro Vaz Pinto (que conhecemos no Uquende em
Junho durante um dos seus trabalhos junto com o ornitólogo Michel Mills), foi
possível fazer-se uma reserva dedicada a estes animais e à sua reprodução livre
de caçadores e outras ameaças desta espécie.
formação das "matemáticas" |
Dia 10,
terça-feira, a equipa foi visitar o bairro do Chitumalo. Foi celebrada
eucaristia e, no final, com grande alegria e carinho todos dançámos a bem
conhecida música “me mostra a sua amiga” e, como acontece no final de cada
visita, o momento fotográfico da comunidade registando as “chipalas” (caras)
com traços de alegria, outros de tristeza, da chegada e da partida da equipa.
Regressámos à Ondjila para o almoço, já na mesa, preparado pelo avô Filipe e
pela equipa de cozinha chefiada pelo pai António. Às 14h30, a mana Cândida foi
tirar o pó das carteiras da escola fechada por falta de professores. Uma turma
de miúdos e graúdos, dos 20 aos 60 anos. A mana Rita, com mais consultas… O
padre David continuou a reunião do Ondjango do centro e a mana Sílvia esteve a
orientar a cantina de roupa.
Bairro da Ondjila |
No Dia
11 foi dia de partida. 6h30 missa de despedida. Abraços, bejinhos, lágrimas no
canto do olho e lá fomos rumo à Cambinda. Nestas paragens existem lugares
estratégicos em altitude onde a rede telefónica é pontual, lá, lá, lá… no cimo
daquela pedra, bem no seu crutinho. Especificamente, numa pontinha do bairro da
Chipaca, junto a um forno. Como tudo pode acontecer, não há momento nem lugar
certo, ser missionário é estar preparado para fazer tudo em todo o momento. Foi
ali que encontrámos a necessidade de mais uma consulta e tratamento: Uma mãe
com o seu “canéné” repousava e em conversa mostrou-nos o seu peito. Uma mastite
num grau tão avançado que já tinha feito ferida. Foi tirar as malas da saúde e
cuidar da situação. Acabámos por chegar a meio da tarde e logo descarregámos o
cavalinho. O Pe David iniciou a reunião do Ondjango do centro e logo se chegou
a hora da oração da noite. A seguir a refeição quentinha e “caminha” para descansar
o corpo e a mente porque o dia que se seguia iria ser bem preenchido.
Chipaca - onde há rede |
Dia 12,
quinta feira, a mana Cândida e a Sílvia ficaram com a tarefa da cantina de
roupa, e a mana Rita de volta das consultas. 15h a mana Cândida, à sombra de
uma grande mangueira, após a actividade de apanhar pauzinhos com a criançada,
esteve a fazer contas e continhas auxiliando-os nas operações. Muitas destas
crianças não frequentam a escola, umas por falta de identificação pessoal não
se podem inscrever, outras porque a escola mais próxima fica a um dia inteiro
de caminhada. Enfim, realidades de que só tomamos consciência quando estamos a
dar o nosso contributo no terreno. Ao final da tarde, às 17h, missa.
Bairro do Catongo |
Dia 13,
sexta, dia importante, formação de líderes da Pastoral da Criança de quem
dependem muitas mães grávidas e crianças até aos 5 aninhos. Foi oportunidade para
sedimentar e aumentar conhecimentos, desta vez com o apoio de uma médica que
inspira com os seus conhecimentos. Na escola local, onde só é lecionada a 4ª
classe, a mana Cândida foi convidada a ir dar uma aula de matemática. Foi fazer
o gostinho ao dedo de ter na sua frente uma turma e sujar-se com giz. Uma
escola feita de adobes, onde as cadeiras são pequenos cepos de madeira e a
secretária as próprias pernas. Quando se quer aprender todas as condições são
excelentes. Enquanto isto o padre David foi destacado para outra missão. Foi visitar
o bairro do Catongo e celebrar com aquela comunidade a Eucaristia e ,depois no
bairro do Belém, que fica na rota, administrar a Unção a 4 doentes. Nesse dia, há
noitinha, veio a nossa mana Teresa a partir da Donga numa caminhada de 5 horas,
a pé, para se juntar à equipa.
A turma na sala de aula |
Sábado,
dia 14, durante a manhã líderes e jovens reuniram-se a fim de partilharem a
formação juntos. Os temas eram comuns e importantes para o dia a dia de
qualquer um. Falámos acerca do Suporte Básico de Vida, como ajudar uma pessoa que
se engasgou, o que fazer se encontrarmos alguém desmaiado no chão e, claro,
tempo para todos treinarem essas manobras. Noutro lado continuava a reunião do
ondjango do centro. Há tarde, os grupos separaram-se. Os jovens foram com o
padre David e a mana Sílvia para dar continuidade ao encontro e os líderes
ficaram com a mana Rita, Cândida e Teresa para falarem de percentis e tabelas e
números e medidas e pesos e grelhas e etc. Tudo para que se torne mais fácil
avaliar e observar a evolução do crescimento das crianças e da saúde da
grávida. Após o encontro dos jovens uma família preparou-se para os sacramentos
do dia seguinte. O sábado contou ainda com missa às 18:00h e oração da noite.
Formação sobre a saúde |
No domingo
dia 15: oração pelas 6h30 e, às 9h, missa campal. É incrível a quantidade de
pessoas que vêm de todos os lados para se juntarem a nós para vivermos a Eucaristia.
Nesta, realizaram-se 5 baptismos e 1 casamento. E ainda, foi nesta que se
assinalou a despedida das manas Rita e Cândida, após uma missão de 2 meses, no
dia 20, irão regressar a Portugal. A comunidade elaborou uma carta de despedida
e agradecimento lida pelo jovem Alexandre dirigida às nossas queridas manas. O
padre David, tomou a palavra e agradeceu também às manas a sua presença e acção
e à população pelo acolhimento e todos os esforços em nos receber.
Bairro de Cambinda |
Agora
estamos nos preparativos para ir para Luanda e entregar as nossas passageiras
direitinhas no aeroporto. O padre David seguirá também com elas para, durante
um mesinho, estar com a família, descansar e matar saudades do nosso Portugal.
Mas, não ficamos por aqui: Duas meninas já conhecidas de todos vão juntar-se ao
grupo aí no tal “Puto” para poderem avançar e progredir nos seus estudos. São
elas a mana Rosa e a mana Celestina, oriundas do nosso Gungo de um bairro
chamado Calipe que durante vários anos estudaram no Sumbe e residiram com a
Equipa. É de coração aberto que a linha da frente as entrega sabendo que irão
abrir-se muitas portas para o futuro destas meninas.
As 3 manas: Rita Cândida e Sílvia |
Na
próxima semana a mana Sílvia subirá ao nosso Gungo e irá trazer mais notícias
fresquinhas para todos.
Saudações da
Linha da Frente.
Nota: Este texto foi escrito
no dia 18/09 mas só conseguimos publicá-lo mais tarde.
Celebração do domingo em Cambinda |
2 comentários:
Texto tão bonito e tão inspirador! Que Deus abençoe ✨🙏🏾
Obrigado Linha da Frente, Obrigado pela vossa maneira de explicar os acontecimentos, ao le-los dá a sensação de estar a viver esse momento.
Obrigado pelas fotos que nos ajudam a sentir que estamos em Missão.
Um grande abraço Missionário.
Estamos juntos
Tio Serra
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