Linda, Fátima e Outros Milagres

Olá, muito boa noite.
Por aqui estamos bem e temos mais umas páginas de missão a partilhar convosco.
A presença da mana médica Inês tem permitido a realização de verdadeiros milagres. Em quase todas as aldeias por onde passámos temos encontrado pessoas em situações de grande fragilidade, algumas mesmo em risco de vida. Em alguns casos tem acontecido serem mulheres que estão para dar à luz e que só uma boa assistência tem permitido resolver com sucesso situações de elevado risco.
Há dias, de uma das aldeias do Gungo, da Chiliva, foi evacuada para a cidade do Sumbe uma senhora que já estava a entrar em trabalhos de parto, mas à qual era necessário fazer uma cesariana. Apesar da oposição de uma parte da família, lá se conseguiu “resgatá-la” para o hospital do Sumbe e salvaram-se a mãe e a criança. Ontem as nossas manas foram visitar a senhora e a bebe, que está em casa de familiares aqui no Sumbe, e fizeram o milagre de mudar o nome da menina de “Feia” para “Linda”. Isso mesmo, a criança tinha o nome de Feia, talvez por estar associada a uma situação menos boa para a família e de que ela foi a “culpada”.
 Mas desde segunda que temos vindo a viver outra odisseia ao serviço da vida humana.De regresso do Gungo, a equipa parou na aldeia da Calunganga para comprar múcua (fruto do embondeiro). Veio então uma senhora já nossa conhecida há muito tempo, a Fátima. Aflita, trazia nos braços uma bebe de três meses, também com o nome de Fátima, sua sobrinha, literalmente no último fio de vida. Todos os sinais vitais estavam no limite e o havia grande receio de que falecesse durante a viagem que teria a duração de uma hora e meia.
Quando a criança chegou ao hospital municipal do Sumbe o médico cubano que a recebeu disse que aquela criança deveria estar morta, tendo em conta o estado de desidratação e doença em que se encontrava. A própria mãe, ainda sem ter a certeza, comentou com o pai da criança, que chegou depois, que a criança já tinha falecido.
Posta nos cuidados intensivos, mereceu grande atenção dos médicos, certamente também influenciados pelo fato de terem sido as manas missionárias e levar a menina e a manifestarem tanta preocupação por ela.
Durante a semana as nossas manas visitaram a criança todos os dias, alguns duas vezes, levaram-lhe fraldas, leite, deram-lhe carinho e ajudaram os pais a tomarem maior consciência da sua missão e responsabilidade. 
Até hoje a criança registou uma tal melhoria que até já sorriu, para grande alegria das nossas manas, que chegaram a casa esfusiantes.
Só quem vê consegue perceber a alegria de quem ajudou a devolver à vida uma bebe que era dada como perdida.
São estes milagres que também dão sabor à nossa missão e nos ajudam a sentir a presença de Deus na fragilidade do que somos.
Cumprimentos da equipa e um abraço para todos.

P. Vítor Mira