segunda-feira, novembro 09, 2015

De Regresso à Missão com duas notícias tristes


Olá, muito boa noite.
Como foi dito, dia 1 de Novembro viajámos para Luanda o avô Filipe, a irmã Susana e eu.
A viagem correu bem. Mas no aeroporto nos despedimos da irmã que tinha as suas irmãs de congregação à espera ao passo que eu e o avô tínhamos a Bernardeth e o Carlos.
Permanecemos em Luanda até sexta-feira. Na terça chegaram o Mário e a Teresa no camião com uma carrada de sacos de carvão para um cliente da missão em Luanda.
Durante esses dias recebemos várias ofertas para nossa missão e também fizemos algumas compras. Como não conseguíamos levar tudo para o Sumbe no nosso Unimog tivemos que deixar alguns bens num armazém de um transportador nosso amigo que depois fará o favor de transportar esses bens para o Sumbe. Na sexta-feira apanhámos muita chuva em Luanda, o que ainda complicou mais a logística.
Com tudo isto, chegámos ao Sumbe na sexta à noite.

No sábado de manhã descarregámos o camião, carregámos o Cavalinho Branco e partimos para a Donga onde chegámos no final do dia.

Levámos connosco o catequista José Capoco que nos deu a triste notícia de que a Cristina, uma menina de 11 anos em caminhada catecumenal, tinha sido ferrada por uma cobra no dia de Fiéis Defuntos, ao  aproximar-se do túmulo de um familiar para colocar uma flor. Ainda resistiu durante cinco horas… foi levada ao posto do Eval Guerra, mas não havia medicamentos nem ambulância. Com impasses, indecisões, falta de meios… foi o desenlace fatal. Como era catecúmena, e bem corajosa, recebeu o batismo de moribundo.
O catequista ainda desabafou “se a equipa aqui tivesse passado como aconteceu da outra vez com a outra senhora…” pois, mas desta vez, infelizmente, não passou. Fica a sua foto numa das idas à Donga na caminhada de catecúmena (fazia 40 km. a pé para lá ir).

No Domingo de manhã recebemos outra notícia triste. No final do dia de sábado tinha falecido o Neto, um jovem que para nós era sempre como um menino e de que já falámos por várias vezes no Blogue e no nosso jornal.
Durante muitos anos, principalmente as nossas missionárias leigas deram-lhe muito apoio e ensinaram a comunidade a lidar com um menino que era diferente dos outros, mas que pela sua fragilidade devia merecer mais atenção e carinho. E houve mudanças: de escorraçado e desprezado, passou a ser tratado com mais respeito por muita gente (este povo tem muita dificuldade em lidar com estas situações de deficiência).
Mas a vida foi-se tornando cada vez mais frágil, ainda recentemente andava com uma grande ferida no tornozelo por causa de ter caído no fogo (tinha ataques de epilepsia). Que Deus lhe dê em abundância aquilo de que mais se viu muito privado na sua passagem pelo mundo: amor.

No domingo Celebrámos a Eucaristia com a comunidade e de tarde tivemos a nossa reunião do Conselho Permanente com os catequistas visitadores. Tratámos de vários pontos relativos à vida da missão e fizemos o programa das próximas semanas da missão.
Hoje regressámos ao Sumbe, onde chegámos no final do dia.

Um abraço para todos e uma boa noite.

Estamos juntos.


P. Vítor Mira

5 comentários:

Tio Serra disse...

Saudações missionárias.
A boa noticia é que se encontram bem, dou graças a Deus por isso.
A morte é sempre uma situação dolorosa, mas quando se trata de pessoas com as quais nos relacionamos é muito mais chocante, ambos era muito acarinhados pelos nós, cada um por a sua razão!
Dai-lhe Senhor o eterno Descanso, descansem em paz.
Um abraço missionário.
Estamos juntos.
Tio Serra.

Anónimo disse...

Ola embora não conheço pessoalmente muita gente da minha querida Angola porque ja vão muuuuitos anos que sai de lá mas sinto tristeza pela morte destes dos irmãos nossos. o que reconforta é que algum dia (Se Deus quiser conhecerei pessoalmente no céu, assim trabalharei para lá chegar. Que Deus os tenha no seu colo de Pai bondoso e misericordioso.Uno-me a vossa dor e a vossa oração. Um grande abraço missionario. Vossa mana Ir.Nancy

Inês Pereira disse...

Que notícias tristes. Não conheci a pequena Cristina mas o Neto nunca me saiu do coração.... quem passou por esta missão nunca ficou indiferente ao nosso amigo Neto. Sempre fiel aos seus amigos missionários. Passou de excluído da comunidade a aceite, graças à intervenção de cada um que passou por lá. São inúmeras as histórias que tenho com ele e tantas outras que já li e ouvi dele, porque o olhar dele tinha o reflexo do nosso amor. E apesar da triste notícia, de saber que já não o vou encontrar no Uquende a gritar "a minha mana veio, o meu amigo padre veio inda", fica um sorriso! Aquele sorriso que ele nos fazia sempre de admiração, carinho e amor. Twapandula Neto*

Rita disse...

Olá,
são notícias muito tristes e indiferentes ao mundo, mas não para quem souber ou tiver lido esta dura realidade.
Coragem para todos vós!

Boa continuação de Missão

João José Antunes disse...

A missão tem destas coisas.
Que O Senhor os tenha na sua eterna glória.