Olá amiguitos de Portugal e de todo o mundo. Aqui a linha da
frente mantém-se ativa e de boa saúde. Dizem que o trabalho da saúde. Cá é
coisa que não nos falta.
Após a ida do Sr padre David de férias e do regresso dos
nossos companheiros a Portugal, de novo no Sumbe, fomos à pesca... A praia do
Quicombo é o nosso sítio de eleição para comprar peixe fresquinho que depois
tratamos e armazenamos na nossa arca.
Sexta-feira, dia 27 de Setembro, subimos até à sede da Comuna
do Gungo, Uquende, e lá permanecemos até segunda. No sábado, junto com a
comunidade, fomos varrer e limpar a capela da Pedra Gonga (muitos certamente
que a conhecem, foi a capela onde o avô Filipe foi batizado). Esta capela é
muito antiga e está a precisar de intervenção, porém é difícil atender com a
brevidade com que deveríamos a todas as necessidades. E, assim, a opção foi
fecharmos as entradas de maneira a que os animais não se apoderem do edifício e
evitar ainda algum possível acidente devido ao chão de madeira do coro alto já estar em
muito mau estado.
A capela está sobre uma grande, grande... pedra. Após uma noite
bem chuvosa, as nossas crianças agarraram nas vassouras (feitas de vimes) e
toca a varrer tudo muito bem. Arrancaram ervas, tiraram paus, desviaram ramos
de palmeiras,... e, claro, ainda deu para brincar um bocadinho nas poças de
água que se colocavam mesmo no caminho onde iríamos passar. Durante a tarde,
fez-se pão caseirinho e aproveitámos o forno para fazer um bolinho de ananás.
No Domingo a comunidade reuniu-se para todos juntos vivermos
o culto conduzido pelos catequistas e, no final, aproveitando a presença da
equipa, houve a necessidade de cuidar de algumas pessoas com ferimentos. Cortes
de catanas, tropeções em pedras, quedas de mota, joelhos esfolados, etc. De
tarde a mana Sílvia foi à caça com a pequenada. Cada um com a sua fisga,
pedrinhas nos bolsos, e siga… subimos à Pedra Donda (para quem conhece, a que
fica ao lado do monte Cavinjo) e como a caça estava escassa, fomos até à lavra
do pequeno Inácio. Éramos cerca de 40 e foi uma grande tarde de caça!
APANHÁMOS: 2 tortulhos (cogumelos)!
Mas ainda a dor de cabeça estava por chegar… O nosso
Elefante (Unimog), avariou! O mano Mário bem tentou, mas tivemos mesmo de o
deixar para ser super-hiper-mega-vigiado e guardado pelos nossos “komolas” Ondjoyetus
(crianças).
Segunda fomos para a Donga e lá permanecemos até à segunda
seguinte. Foi uma semana muito intensa. Elefante (Unimog) avariado, Mula
avariada (carrinha de caixa aberta), rebarbadora avariada, moagem da Donga parada à espera de peças,
gerador a precisar manutenção, inventário da cantina da missão por fazer,
tanques de água vazios, casa de adobes a ser construída para os membros do
Apostolado da Oração e Legião de Maria, época de fazer testes na escola, a picada
a precisar de intervenção, pessoas a necessitarem de consultas, a lavra e a
horta a precisarem de ser cuidadas… enfim, podíamos continuar, mas já dá para
terem uma ideia da azáfama por cá vivida. Mais à frente vão ver um esquema das
viagens que o pobre do nosso cavalinho teve de fazer…
Terça a mana Teresa e a mana Sílvia foram a pé até ao bairro
da Ngomã atender a uma situação. Um certo menino (o Caetano) que na aflição de
apagar o fogo tinha uma faca e sem querer cravou-a na perna. Felizmente a
situação já estava a ser supervisionada por um dos promotores de saúde e a
recuperação está sendo favorável. Como agradecimento pela visita, foram
oferecidos cachos de bananas, dendém, maboques, e até ofereceram uma galinha à
mana Sílvia… pior foi o caminho de regresso com morros e atravessar rios e… Ai as nossas ricas perninhas!… Mas voltando às queimadas, infelizmente todos os
anos ocorrem incidentes, apesar dos alertas feitos pela equipa e das formações
que demonstram que há mais consequências que benefícios. Porém, são uma prática
corrente pela população, quer como ferramenta agrícola para destruir o capim e
vegetação densa por forma a desbravar as lavras, quer como meio de caça para
apanhar animais e também para fazer rejuvenescer novas plantas
que servirão de alimento e pasto. É mais uma mudança que se faz “catito a
catito” (pouco a pouco).
No sábado, a mana
Sílvia com o avô Filipe e a mana Teresa foram a pé conhecer a lavra do tio Zé
Ngombe. É tão distante… E perguntam vocês “porque foram mais uma vez a pé?”,
porque para chegar a estes sítios não dá para ir de carro, nem de mota. Foi
mais um dia bem passado e no regresso, chuva.
Bom, esquema de viagens e panorâmica da semana, visualizem:
segunda, chegada à Donga e 3 viagens ao rio para ir buscar água; terça,
deslocação a pé à Ngomã e à tarde mais 4 viagens ao rio; quarta, 3 viagens ao
Uquende para transportar as coisas que vinham no Unimog com destino à cantina
(safou-nos as crianças que logo se prontificaram para nos ajudar com as cargas
e descargas); quinta, mais uma viagem final ao Uquende e à tarde 5 idas ao rio
transportar água; sexta, 8 viagens ao rio, 1 à lavra da Teresa, 2 para carregar
blocos de adobes, e 1 para lenha; sábado, 4 viagens para carregar adobes, deslocação
a pé à lavra do tio Zé, e 1 viagem ao bairro do Aweco para dar boleia a uma
família com bebés que andavam debaixo da forte chuva; domingo, após a
eucaristia e manutenções ao cavalinho, mais 5 idas ao rio; e, por fim, segunda,
1 viagem até à lavra da mana Teresa seguida da lavra do tio Calei para carregar
pedras para a picada (a quem nos acompanha nesta missão, já adivinharam que
foram para o sítio do “mamoeiro”), mais 1 viagem até ao sítio do Cucole para
transportar um bezerro que sofreu ferimentos no transporte e não conseguia
andar mais. Após o almoço, descida para o Sumbe. Mas, as peripécias
continuaram… Com a chuva, a picada já colocou as garras de fora e nós, lá fomos
descendo, e deslizando, e patinando, e, e,… tivemos um furo! De noite e debaixo
de cacimbo, toca a trocar o pneu. Ao passar o Quicombo, em estrada de terra
batida, ficámos barrados pelos carros, carrinhas, camiões e autocarros que
estavam parados e atravessados de modo a impedir o caminho. Devido à chuva
escorregavam e não conseguiram avançar nas subidas provocando longas filas de
engarrafamento. Mas o cavalinho é o cavalinho e quando já todos pensávamos que
íamos ali dormir, abriu-se uma passagem e por volta 00h44min chegámos á nossa
Ondjoyetu.
Na próxima subida ao Gungo, iremos com uma visita bem
conhecida do nosso Pe. Joaquim. O seu confrade, Pe. José Luís do Verbo Divino
em Luanda irá acompanhar-nos e celebrar connosco o Dia Mundial das Missões, dia
20 de Outubro.
Depois contamos-vos como foi!
Até breve,
Linha da frente.
(pela pena da mana Sílvia)
6 comentários:
Pessoas espetaculares que merecem toda a nossa ajuda
Força manas e manos. Estamos juntos. Quem me dera estar aí a ajudar...
Um forte. Fraterno e missionário abraço a todos.
Força linha da frente. Um abraço a todos. 💖
Só o espírito missionário resiste a tanta adversidade.
Estamos juntos
Força!
Gente abençoada que merece a nossa admiração.
ALÔ LINHA DA FRENTE
Muito obrigado pela vossa maravilhosa descrição da Missão realizada.
Muito obrigado pelas fotos que nos ajudam a ver à distancia.
Muito obrigado por contribuírem para a ajuda do povo do Gungo.
O verdadeiro Missionário não volta as costas ás situações complicadas, e vós estais com algumas situações nada agradáveis como as avarias dos carros, mas com a ajuda Divina e o vosso esforço a Missão avança, porque vós sois os verdadeiros Missionários.
Que Deus vos proteja.
Estamos juntos
Um grande abraço Missionário para toda a Linha da Frente.
Tio Serra
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