Olá, muito boa noite.
Depois de alguns dias de silêncio, aqui estamos para
partilhar mais algumas páginas desta missão que é nossa e vossa.
Pelo Natal o catequista José
Capoco enviou uma mensagem a pedir medicamento para a queimadura do seu xará.
Pelo modo como a informação foi dada pensámos que era algo simples.
Depois de duas subidas e descidas
ao Gungo, finalmente apareceu o tal xará. Ele vive numa aldeia chamada Chyica,
que fica algo distante da picada em que passamos. Ficámos horrorizados com o
que vimos.
Uma criança de quatro anos com um
braço bastante queimado, outro um bocado e metade do abdómen queixado numa
extensão muito grande e em alguns sítios via-se que com alguma profundidade.
Segundo nos contaram, a criança,
numa brincadeira com outros, caiu num brasido. A mãe tinha ido à cidade visitar
o pai da criança que tinha tido um acidente de mota. O José estava em casa da
tia. Perante o acidente, a solução encontrada foi colocar óleo de palma em cima
da queimadura e depois pó da ferrugem do fogo raspada das panelas. E assim
ficou aquela criança uma série de dias.
E agora, que fazer? Nenhum de nós
é enfermeiro nem médico. Mas trazemos sempre a mala de primeiros socorros para
fazer o possível; neste caso também já vínhamos prevenidos.
A Ana Sofia encheu-se de coragem
e calçou as luvas de enfermeira. O Carlos seguiu-lhe o gesto para ajudar. O
José entrou em pânico, começou a berrar, queria fugir… mas com calma e
promessas a Ana lá conseguiu dar-lhe a volta, apesar do choro continuar sempre.
Bem, já estamos atrasados para ir
para o Gungo. Depois contaremos mais. Estamos de saída com os dois carros bem
carregados. Se Deus quiser, teremos a visita de D. Luzízila Kiala, bispo desta
diocese. Regressaremos na terça-feira, se Deus quiser.
Ah, recordo que “Mantorras” quer
dizer “homem queimado”.
Um abraço e fiquem bem.
P. Vítor Mira
Nota: esta mensagem era para ter sido publicada a semana passada, antes de subirmos ao Gungo, mas a dificuldade de acesso à Inernet só hoje permitiu fazê-lo.
2 comentários:
Saudações á nossa Equipa,
A precaridade da saúde no Gungo é uma realidade dolorosa. Felizmente se vai conseguindo atenuar um pouco... Boa coragem! Brevemente me unirei a vós!
É belo o vosso trabalho em todas as valências mas a medicina é uma grande ajuda para quem sofre, e ultimamente tem sido muito uteis os vossos conhecimentos na área da saúde e também uma grande dedicação aos que sofrem.
Bem só me resta rezar para que a vossa missão seja coroada de êxito.
Um grande abração para toda a linha da frente, e para o povo do Gungo.
Estamos juntos
Tio Serra.
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