sábado, junho 04, 2022

Dois meses na Missão Católica do Gungo em Angola



                 Dois meses no Gungo com o Grupo Missionário Ondjoyetu, foi antes de mais a concretização de um sonho, várias vezes adiado pela pandemia.

                Não importa a origem da força que nos move. O importante é sentir essa força, reconhecer o que nos traz alegria e paz interior, liberdade e coragem para agir. Partir, sem grandes planos e objetivos, mas de coração disponível para viver o desafio de aceitar o que vier. Este foi sem dúvida o foco principal.

                Em cada dia passado em Angola, senti a força de uma frase do escritor moçambicano Mia Couto que passo a citar- “Só é olhado pelo céu quem olha as estrelas”. Em cada dia e nas mais diversas situações em que tantas coisas positivas aconteceram, senti esse olhar, que quero acreditar ter vindo do céu.

                 De facto, olhar as estrelas no silêncio do Gungo com tudo o que aquele enorme céu tem para oferecer é receber do Alto muito mais do que possamos imaginar.

                Olhar o pôr-do-sol naquele lugar, é sentir que uma luz Divina nos invade a alma como uma bênção, nos impõe silêncios mágicos em que sentimos o significado de “ser feliz com muito pouco”.

                No Gungo, aparentemente no meio do nada, é possível sentir tranquilidade e paz. Encontrar aventura e surpresa em cada quilómetro de picada percorrido, vida e beleza em cada quadro vivo que fica gravado na nossa memória.

                 Construir relação e comunicação em cada encontro feito de conversas, sorrisos rasgados, mãos agradecidas, olhares meigos de crianças sedentas de atenção e carinho.

                Mais importante que a avaliação do serviço que efetivamente prestei, foi sentir que o verdadeiro sentido da existência está em pequeninas coisas que podem fazer toda a diferença na relação entre povos, apesar da diversidade de hábitos e culturas. Perceber que a partir do pouco ou muito que fazemos e somos, se pode crescer e fazer crescer.

                Nesse sentido, o saldo foi francamente positivo. Regressei de coração cheio e agradeço a todos quantos proporcionaram a minha aproximação a este grupo missionário, a quem felicito na pessoa do Padre David Nogueira, pelo enorme serviço que actualmente presta à melhoria das condições de vida das gentes do Gungo.

                Termino recordando as palavras do Papa Francisco “Seremos julgados com base no amor. Não sobre os sentimentos, mas sobre as obras; sobre a compaixão que se torna proximidade e ajuda atenciosa”.

                Neste espírito, é tempo de projetar o futuro. Prestar atenção aos sinais que o nosso coração dá e acreditar que é possível fazer sempre mais em ordem à construção de um mundo melhor. O futuro a Deus pertence….

                Isabel Cabeleira

1 comentário:

Anónimo disse...

Lá está o velho ditado popular. Ajudar sem olhar a quem. Bem haja pela dedicação, disponibilidade, e coragem. Deus a recompense pois é quem pode.