quarta-feira, outubro 29, 2014

A visita (indesejada) do Paludismo

Olá, muito boa noite.
Antes de mais quero saudar todos os missionários e missionárias neste mês de Outubro que está prestes a terminar, estejam eles perto de suas casas ou a milhares de quilómetros.
Uma saudação muito especial ainda para os membros do Grupo Missionário Ondjoyetu por toda a dinâmica missionária que imprimiram a este mês de Outubro, nomeadamente com a Vigília Missionária Diocesana e o fim-de-semana missionário no Mercado de Sant’Ana. Esta menção é extensiva a todos os que colaboraram e se incorporaram nestas iniciativas.

Por aqui também vivemos o Mês Missionário de Outubro, mas com ritmos e momentos muito diversos.
O mês começou com o apoio de bens de primeira necessidade a comunidades mais distantes, a que já fizemos referência neste blogue.
Nos domingos que se seguiram aproveitámos para visitar os centros de Chitonde, Cambinda e Calipe, sendo sempre visitas de 2 a 4 dias. Outubro já é mês de chuva e era preciso aproveitar para fazer estas visitas antes que ela se torne mais intensa. Em Cambinda e no Calipe batizámos crianças filhas de pais cristãos que já tinham feito o seu retiro na Donga. Pelo meio tivemos várias subidas e descidas entre o Gungo e o Sumbe, a realização de um retiro com o grupo do Crisma e ainda a realização de vários trabalhos na missão. Entre eles conta-se a mudança das ferramentas e materiais de construção para um novo armazém, ficando assim um quarto livre para atendimento de consultas quando tivermos pessoas a trabalhar na área da saúde.
No dia 20 o avô Filipe e eu descemos ao Sumbe com o plano de subir três dias depois com mais algum carregamento para a cantina e o abastecimento da nossa dispensa para uma semana. Na Donga ficaram as manas Teresa e Joaninha à espera da chuva para lançar à terra a semente de feijão e milho, se possível com a ajuda de um trator que tem andado no Gungo.
Mas, na quarta-feira, feira fui surpreendido por sintomas que já não sentia há nove anos: fortes dores de cabeça, náuseas, dores musculares e nas articulações, cansaço, mal-estar geral… A análise ao sangue veio a confirmar: paludismo. Depois ainda vieram os vómitos e alguma febre.
É uma doença que merece respeito porque, se mal tratada, pode ser fatal. Foi preciso fazer o tratamento adequado e ter descanso absoluto, o que não é muito agradável pois nem se pode ler, estar no computador, ver televisão, mesmo nada. Normalmente os três primeiros dias são os que custam mais, depois começa a passar. Ah, e convém comer bem e tomar sumos de fruta. Felizmente o avô Filipe veio comigo e ainda pude contar com o apoio de pessoas próximas e amigas como a Ana Sofia e a Teresinha (do Pinheiro).
Conseguimos mandar recado para a Donga. Tínhamos vários encontros e atividades e ainda mais batismos de crianças. Foi pena, mas quando está em causa a saúde precisamos mesmo de tempo para estarmos doentes.
Ontem fiz análise e hoje tive a feliz notícia de que estou “limpo do plasmódio”. Ufa, que bom! Como são difíceis estes dias de doença e inatividade. Mas neste mês de Outubro senti que também deste modo sou missionário. O que eu senti três dias, há pessoas que sentem por muitos anos e com maior gravidade. Afinal é o que somos e não o que fazemos que deve dar sentido e razão de ser às nossas vidas.
Quando fui surpreendido pelo paludismo andava a preparar a carga do camião. Hoje de tarde dei mais uns passos e amanhã, se Deus quiser, será a conclusão da preparação da carrada. Depois será mais uma subida para a Donga onde sabemos que nos esperam ansiosos quer por nós quer pelo que levamos pois já lá falta um pouco de tudo: esparguete, açúcar, pilhas, gasolina, chapas de zinco, farinha de trigo, sal, sabão. Lá iremos, se Deus quiser.
Um abraço e, para vós, até segunda ou terça.

P. Vítor Mira

 P.S. Um abraço e um beijinho de muitos parabéns para a irmã Nancy que faz anos neste dia 30 de Outubro. Feliz Dia de Aniversário, “manita”.

quinta-feira, outubro 23, 2014

Ondjoyetu: 15 anos em missão



Saudações missionárias! 

Como sabemos, o Grupo Missionário Ondjoyetu encontra-se a celebrar este ano 15 anos de existência, 15 anos de MISSÃO! 
Nesse sentido, nos próximos dias 24, 25 e 26 de outubro, no mercado de Sant’Ana, em Leiria, realizar-se-á um grande evento comemorativo deste aniversário.

Destacamos os seguintes pontos do programa: 
nesta sexta-feira, dia 24 (amanhã!), às 21h, haverá uma tertúlia subordinada ao tema "Voluntariado e Missão", com momentos musicais proporcionados pelo INATEL;
no domingo, dia 26, a partir das 12:30h, realizar-se-á a Festa das Sopas Missionárias.
 
Ao longo destes dias, estarão patentes no mercado a exposição fotográfica, a banca de artesanato e a projeção de filmes Ondjoyetu. 
A celebração dos 15 anos Ondjoyetu decorre em simultâneo e em parceria com o terceiro Festival de Música Popular do Inatel. Apareçam e tragam familiares e amigos!...
Celebremos todos juntos a festa dos 15 anos, a festa da MISSÃO!



http://www.ondjoyetu.com/
https://www.facebook.com/ondjoyetu

quarta-feira, outubro 22, 2014

Vigília Missionária Diocesana

Em pleno mês das Missões, a Diocese de Leiria-Fátima promoveu na sexta-feira passada uma vigília missionária, que foi presidida pelo Pe. David Nogueira, coordenador do Serviço de Animação Missionária da Diocese.

Na igreja do Espírito Santo, em Leiria, que se encheu de pessoas e de calor cristão, rezou-se por todos os povos, pelas missões, pelos missionários, por todos nós. A Palavra de Deus escutámos, nas imagens e mímicas colocámos o nosso olhar atento, em silêncio refletimos, pelos testemunhos a nossa coragem aumentámos, pelo canto louvámos Quem nos fortalece, na oração pedimos trabalhadores para a messe.
Durante a vigília, fizemos uma viagem ad gentes, passando por cada um dos continentes, e uma viagem pelas periferias, “dando passos” pela rua, pela praça, pelo local de trabalho, por um simples caminho. Na verdade, a missão ad gentes não encerra em si toda a condição do missionário. Para sermos missionários não é única condição que tenhamos de partir para terras distantes. Todo o cristão, além-mar ou na sua comunidade, poderá ser uma imagem do Bom Samaritano, debruçando-se sobre aquele que está caído no caminho. 
A Vigília Missionária contemplou momentos fortemente simbólicos: a representar cada um dos cinco continentes, além das 5 velas que iam sendo acesas à medida dos “passos”, tivemos a presença de quatro padres, da Europa, Ásia e África, e da nossa Ir. Nancy, da América, que procederam à leitura da Palavra. “Não deixemos que nos roubem o Evangelho!” 

Os testemunhos da noite foram dados pelos seguintes missionários: Ir. Graça Lameiro, do Instituto das Irmãs Missionárias da Consolata, e que se encontra em missão na Colômbia; Mónica Faria, dos Jovens Sem Fronteiras e que esteve em missão em Moçambique; e Pe. Rogério Dovala Chitapa, da diocese do Sumbe, que, no âmbito da geminação desta diocese com a de Leiria-Fátima, é neste momento pároco da Maceira. “Não deixemos que nos roubem a Força Missionária!”
 
A colaborar na celebração estiveram os Jovens Sem Fronteiras, o Grupo JuFra de Leiria, o Grupo Missionário Ondjoyetu, diversas Congregações de irmãs, irmãos e sacerdotes, e todos aqueles que participaram saindo do conforto do lar… para o conforto do regaço da oração em comunidade. “Não deixemos que nos roubem a Comunidade!” 



A alma e a fonte da Missão é o Amor. Que Deus ajude cada missionário (cada um de nós, cristão!) a deixar um rasto de Amor por onde quer que vá... “Não deixemos que nos roubem o Ideal do Amor Fraterno!”

sexta-feira, outubro 10, 2014

Convite para vigília e sopas missionárias: alimentar corpo e espírito!

Saudações a todos os que por aqui passam e que permanecem na dinâmica missionária.
 
Vimos através deste espaço fazer chegar um, ou melhor, vários convites:
 
Cada ano celebramos na nossa diocese uma vigília missionária. Este ano terá lugar no dia 17 de Outubro 2014, às 21.00h, na Igreja do Espírito Santo em Leiria. Este convite é para alimentar o Espírito e a coragem missionária. Poderemos contar com testemunhos missionários e muito mais...
 
Dia 19 de Outubro celebramos o Dia Mundial das Missões. É dia de lembrarmos e rezarmos por todos os missionários de modo particular aqueles que têm mais dificuldades em exercer a sua tarefa. Este ano é subordinado ao tema: Missão: uma paixão por Jesus e por todos.
 
Acrescento ainda que o grupo Missionário Diocesano “Ondjoyetu” está, neste ano 2014, a celebrar os 15 anos do início da sua actividade. Nesse sentido vai realizar um evento no mercado Sant’Ana em Leiria de 24 a 26 do corrente. Na sexta, dia 24 haverá uma tertúlia sobre voluntariado e missão e no domingo, dia 26, destacamos as sopas missionárias a partir das 12:30h. As sopas são principalmente para alimentar o corpo.
Em cada um deste eventos apareçam, convidem outros a aparecer... Vamos reforçar a nossa coragem missionária.
Abraços e boa missão a cada um.

sexta-feira, outubro 03, 2014

Missão Solidária nos confins do Gungo

Estimados amigos e amigas, muito boa noite.
Aqui estamos para partilhar mais uma página da missão de todos nós.
Em Julho e Agosto visitámos os centros mais distantes do Gungo: Caponte e Longundo, respetivamente. Como as picadas dentro do Gungo para estes centros ainda estão fechadas, tivemos que “ir à volta”, no primeiro caso passando pelo Bocoio e percorrendo 300 km para cada lado, no segundo pelo Seles com uma tirada de 170 km. em cada sentido. Nos dois casos mais de 200 km de picada em cada visita.
Nessas visitas, além das atividades e cariz pastoral, já demos apoio com o abastecimento de alguns bens primeira necessidade e transporte de produtos agrícolas do campo para a cidade.
Mas nessa altura foi-nos pedido que antes da chuva fizéssemos nova visita apenas com o fim do apoio alimentar, fazendo assim uma extensão da cantina que já temos a funcionar na Donga.
A resposta a este pedido foi programada e posta em prática nos primeiros dias desta semana, mais concretamente de segunda a quarta-feira.
No final da semana passada fizemos as compras e deixámos o camião já preparado para sair na segunda de manhã. O valor total de mercadoria era de cerca de 4.000,00 euros, mas tem que durar para vários meses e é para algumas centenas de pessoas. Se tudo correr como se espera, dentro em pouco começará a chover e então estas viagens seriam muito mais difíceis ou mesmo impossíveis.
Comigo foi o avô Filipe e ainda o senhor Constantino que serviu de nosso guia pois íamos também explorar novos caminhos: conhecer a ligação entre os centros do Longundo e do Caponte pela picada da Chila, o estado dessas picadas e ainda as distâncias também para percebermos qual o melhor caminho a seguir no futuro para visitar estas comunidades.
O primeiro destino era o Longundo. Subimos as íngremes montanhas do Seles, tomámos o caminho da Catanda e chegámos ao Atome. Daí entrámos na província de Benguela passando o rio Cubal e no final do dia, depois de oito horas de viagem, 80 km. de asfalto e 90 de picada, estávamos no Longundo, para grande alegria da comunidade.
Nesse dia o cansaço era tanto que apenas rezámos juntos a oração da noite.
O dia seguinte começou com a missa que acaba também por dar um sentido espiritual e de fé até as estas atividades mais “comerciais”. Após o matabicho descarregámos a maior parte da carga e deixámos as últimas recomendações de como deveriam gerir toda aquela mercadoria ali colocada “a crédito” em favor da comunidade. No fim ainda passámos por uma aldeia e comprámos cerca de 800 kg. de ginguba, algo que também já estava programado para rentabilizar a ida do camião. Depois seguimos em direção ao Caponte cruzando, como no dia anterior, vastas áreas de mato e savana. Em muitos locais estavam a decorrer as habituais queimadas, enquanto noutros já tinham acontecido, deixando um panorama triste e desolador.
Chegámos na companhia do nosso guia quando o sol já declinava no horizonte e a noite caía serena e fresca.Descarregámos o que para ali trazíamos e depois fomos recolhendo em várias casas feijão e milho, estes transportados em regime de "frete", deixando a carrada preparada para o dia seguinte. Como a capela do Caponte está em obras (o telhado de capim está a ser substituído por telhas de zinco, como percebemos pela imagem), rezámos o terço à volta da fogueira e no fim ainda convivemos por uns minutos.
O terceiro dia era o do regresso ao Sumbe e por isso a viagem mais longa: viemos a constatar que foram 214 km. Por isso celebrámos a missa bem cedo e pelas 8:30 h. já o nosso camião “roncava” com as cerca de três toneladas em cima.
No final do dia, cerca de 460 km depois, estávamos de novo na Ondjoyetu agradecidos a Deus por toda a viagem ter decorrido sem percalços e termos tido a possibilidade de dar apoio social a comunidades tão isoladas e pobres.
É que isto… também é missão.
Algo que sentimos sempre nestas atividades é que o que fazemos não somos apenas nós, mas uma grande família que de diversos modos torna possível esta presença solidária e amiga junto do povo do Gungo. Obrigado a todos os que têm acreditado neste sonho e de muitos modos, cada com o seu, o tornam possível.
Se Deus quiser, amanhã partimos para o Chitonde para uma visita de dois dias.
Um abraço e bom fim-de-semana.

P. Vítor Mira

 



terça-feira, setembro 30, 2014

Testemunho da Inês Figueiredo no jornal "Voz da Verdade"

Saudações,

Ao estarmos prestes a entrar no mês das missões partilho convosco um artigo que saiu no passado Domingo no jornal: "Voz da Verdade" do patriarcado. É um testemunho da Inês Figueiredo missionária que esteve em missão connosco durantes seis meses.
Boa missão a todos!

segunda-feira, setembro 29, 2014

Visita à Ondjila

Muito boa noite a todos os viajantes do cyber-espaço.
Hoje queremos partilhar convosco a recente visita que fizemos à Ondjila, um dos centros do Gungo e que agrega a si sete aldeias.
Este centro é um dos mais distantes da Donga. São 44 km por uma picada muito sinuosa no meio das montanhas e a passar junto a ravinas que não aconselham a andar por ali em tempo de chuva sob pena do veículo resvalar por alguma ribanceira. Por outro lado, também tem zonas baixas que no tempo das chuvas se transformam em pantanais praticamente impossíveis de cruzar. Há ainda zonas com vegetação muito densa e baixa que nos faz por vezes sair do camião para cortar as braças maiores, outras vezes sentimos os ramosa raspar no nosso Mogui Mogui. Mas também que belas paisagens por ali se contemplam. Tudo isto e muito mais em cinco horas de viagem em ritmo calmo e cuidadoso.
Por isso, antes que começassem as “chuvas pequenas” programámos uma visita a esta comunidade que decorreu entre os dias 19 e 23 de Setembro.

Desta vez só fomos eu e a Joaninha, que é natural de lá e já nos acompanha há mais de um ano. Fomos de camião para levar alguns bens muito escassos naquela comunidade devido aos difíceis acessos e que nos foram pedidos: chapas de zinco, sabão, material escolar e bens alimentares básicos (arroz, farinha de trigo, açúcar, óleo vegetal, etc.) E como a cantina esteve bem animada durante aqueles dias… às vezes o problema eram as confusões com os trocos entre pessoas que pouco habituadas estão a manusear o dinheiro e que têm muito pouca ou nenhuma escolaridade.
Mas esta foi apenas uma parte da nossa tarefa; valores mais altos se levantavam.
O dia de sábado foi de reunião com os pais e padrinhos das crianças que iriam ser batizadas no domingo. Os pais já tinham participado em três retiros de dois dias cada um na missão. Agora eram os acertos finais e a preparação espiritual com a celebração do sacramento da reconciliação. Foram dezenas de pessoas que atendi, entre pais, padrinhos e outras pessoas da comunidade (tínhamos visitado esta comunidade em Junho do ano passado), de tal modo que o atendimento entrou pela noite dentro.

O domingo foi o dia grande pela sua importância e pelo tempo que a missa durou: quatro horas! Mas não admira; era mesmo dia de festa depois de um ano… e batizar 54 crianças também leva o seu tempo, com a repetição dos mesmos gestos 54 vezes, mas sempre com o tempo e dignidade que estes momentos merecem. É verdade, 54 só daquele centro. E foram várias centenas de pessoas que ali se concentraram para celebrar o domingo.
Como sempre a celebração foi viva e muito animada. Só dei pelo tempo porque para o fim já estava com fome.
De tarde tiveram lugar mais uns encontros e reuniões. E, parecendo que Deus escutou o que lhe pedimos na missa, à noite veio uma forte trovoada acompanhada também de uma boa chuvada. Oxalá seja prenúncio de um bom ano de chuvas, que os últimos têm sido muito secos.

A segunda-feira foi dedicada ao registo de pessoas que nunca tiveram a sua cédula de vida cristã. Muitas nem têm registo de batismo porque devido à guerra e a um ataque que houve, perderam-se muitos documentos. Certamente, teremos que fazer muitas justificações de batismo.
À tarde mantivemos reuniões com vários grupos da comunidade e à noite assistimos a mais um espetáculo de trovoada e chuva tropical que no meio daquelas montanhas não deixa de impor algum respeito.

Terça de manhã arrumámos as nossas bagagens acertámos algumas contas da cantina e regressámos à Donga. Ainda demos boleia a algumas crianças que foram enviadas pelos pais ao Chitonde porque chegou a informação de que o Estado estava a distribuir comida pelas famílias, devido à seca, mas era preciso ir buscá-la, a pé, a cerca de 20 quilómetros dali.

E por aqui me fico com fotografias que ilustram estes dias. Um abraço para todos e boa semana.
Como sempre, estamos juntos, e voltaremos, se Deus quiser, para partilhar mais um pouco desta missão que é nossa e vossa.
Com amizade,

P. Vítor Mira

domingo, setembro 28, 2014

Reunião mensal de outubro

 Saudações fraternas!

Vimos por este meio relembrar que a habitual reunião mensal do Grupo se realizará no próximo sábado, dia 4 de outubro, às 21 horas, no Seminário Diocesano de Leiria. Entre outros, serão tratados assuntos concernentes à nossa acção missionária em Angola e em Portugal, partilhar-se-ão ideias e vivências e não faltarão os momentos de convívio e de oração.


http://portal.ecclesia.pt/pjuvenil/site/index.php/recursos/documentos/outros-documentos/396-conclusoes-jornadas-missionarias-2014-e-jornadas-nacionais-da-pastoral-juvenil
 
 Aproveitamos ainda para vos fazer um convite à leitura imprescindível das conclusões das Jornadas Missionárias Nacionais / Jornadas Nacionais da Pastoral Juvenil 2014. Para o acesso às mesmas, cliquem por favor na imagem ao lado. 



Também este ano, o Grupo Ondjoyetu marcou presença nestes dois dias de reflexão, aprendizagem, comunhão, alegria missionária. Além da grande variedade de convidados que nos enriqueceram vivamente com as suas partilhas, destacamos aqui uma família de músicos que a todos nós nos encantou com a sua actuação de diversos temas e o seu testemunho de vida: Figo Maduro

Figo Maduro na SIC, em maio de 2014

Até sábado!

sexta-feira, setembro 26, 2014

Obrigado mana Tânia

Olá, muito boa tarde.
Há quanto tempo, não é verdade? Pois é, não têm sido possíveis as nossas habituais partilhas porque o tempo tem sido muito preenchido, com mudanças dos zero aos mil e picos com muita frequência. Eu explico: no Sumbe estamos ao nível do mar (zero), quando subimos ao Gungo passamos dos mil metros de altitude, eh, eh.
E com tudo isto já andamos com umas voltas de atraso, isto é, já se passaram muitas coisas de que não demos conta e ainda desejamos partilhar.

Já foi dada conta de que a Tânia Santos regressou a Portugal. Ficamos contentes por ter chegado bem, ainda que cansadita. É normal.
Mas antes de chegar… partiu. E antes de partir, despediu-se da comunidade, na aldeia da Tuma.
Na missa desse dia leu a primeira leitura em umbundo e todos ficaram impressionados com a qualidade da leitura. Diziam que até parecia que já cá estava havia muito tempo, ainda para mais com a ajuda da indumentária.
No fim da missa foi lida uma mensagem de agradecimento pelo tempo em que esta jovem estudante de medicina esteve no Gungo e pela sua dedicação à comunidade.
Além do trabalho que fez no Gungo a Tânia ainda colaborou nos hospitais provincial e municipal do Sumbe, onde foi muito bem acolhida pelos médicos que ali trabalham que também apreciaram o seu humanismo e amor ao próximo. Foram cerca de 10 dias em que ajudou e aprendeu muito numa experiência algo diferente da do Gungo.
Depois das despedidas no Gungo foi tempo de no Sumbe fazer as tradicionais e demoradas trancinhas realizar a viagem para Luanda, onde tirámos a última fotografia, e partir para Portugal.
Em nome do Grupo Missionário Ondjoyetu e do povo do Gungo queremos agradecer ao “Move-te Mais” a reedição desta parceria pelo quarto ano consecutivo. À Tânia queremos dar os parabéns pela sua dedicação e trabalho que aqui fez.
Dois aspetos destacamos: o fato de ter vindo sozinha, o que aconteceu pela primeira vez no âmbito da nossa parceria com o “Move-te Mais”, e ter aceite vir sem ter na missão nenhum voluntário leigo de Portugal integrado na equipa missionária, ainda para mais tendo-me eu ausentado para Portugal durante dez dias.
Parabéns Tânia, muita coragem para a tua caminhada humana e de fé e para os teus estudos.
Um bem-haja também a todos os que colaboraram de algum modo para a realização desta missão desta jovem estudante de medicina.

P. Vítor Mira

quinta-feira, setembro 18, 2014

Calendário das atividades Ondjoyetu 2014/2015

Saudações missionárias!

Divulgamos desta forma o calendário das atividades Ondjoyetu previstas para este novo ano pastoral.

Aproveitamos para relembrar os eventos mais próximos:
  • 20 e 21 de setembro - Jornadas Missionárias Nacionais / Jornadas Nacionais da Pastoral Juvenil, em Fátima;
  • 4 de outubro - reunião mensal de grupo;
  • 17 de outubro - vigília missionária diocesana;
  • 24, 25 e 26 de outubro - celebração dos 15 anos Ondjoyetu, no mercado de Sant'Ana, em Leiria. 

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZSEpwc7Ddlx-dxKDMIciRj_8SI_GRri0WxqknRcocaK6R_VYpvk84L5JJo-pxNlO7LDiPHpjDhbx8jJrnHPs0xcno3GP9ktj783gsxNuoVcpXtW7igNoVYUA6j754AIzl5vr4/s1600/calend%C3%A1rio+anual+2014-15+-+ondjoyetu2-2.jpg
Clicar na imagem para ampliá-la.


Tukasi kumosi.
Estamos juntos. 

terça-feira, setembro 16, 2014

Chegada da Tânia Santos

Saudações a todos os que percorrem este espaço,
 
Venho testemunhar a chegada da Tânia Santos, a voluntária da Associação Move-te Mais que esteve em missão em Angola durante um mês e meio a cuidar da saúde do povo do Gungo e a desenvolver formações nesta área.
Chegou na quinta-feira, dia 11, vinha um bocadinho cansada mas animada e cheia de histórias e vivências para contar e partilhar. Destacam-se ainda as trancinhas que lhe ficam mesmo bem.
Cada etapa desta parceria é uma mais valia no sentido de haver melhor saúde no Gungo. É um complemento ao trabalho contínuo que se vai fazendo em ordem ao desenvolvimento da comunidade do Gungo que está sob a responsabilidade da Equipa Missionária.
Um grande bem haja à Tânia pela coragem de ter aceite ir em missão e à Associação Move-te Mais por manter a parceria com o Grupo Ondjoyetu.

terça-feira, setembro 09, 2014

Novidades aquém e além

Saudações a todos os que vistam este espaço,
 
 
Venho dar conhecimento das últimas novidades.
No passado dia, 04 de Setembro, o Pe Vítor regressou a Angola após uma breve vinda a Portugal. No mesmo avião seguiu também a Ana Sofia Pereira, membro do nosso grupo, mas, desta vez, não irá para integrar a Equipa da Linha da Frente.
Em Angola está a Tânia Santos, estudante de medicina, que está a terminar o seu tempo de estadia por terras angolanas. Ao longo desta semana, na quinta-feira, regressa a Portugal para continuar os seus estudos.
 
 
Por cá fizemos, no passado sábado, dia 06, a abertura oficial do ano de actividades do Grupo Ondjoyetu e, ao mesmo tempo, marcámos os 15 anos do início do Grupo. O programa incluiu a celebração da Eucaristia evocativa destas intenções seguida de reunião-convívio em que nos reencontrámos e foi possível transmitir informações e organizar os próximos tempos.

sexta-feira, setembro 05, 2014

Jornadas Missionárias 2014

Nos dias 20 e 21 de setembro, realizam-se em Fátima, juntamente com as Jornadas Nacionais da Pastoral Juvenil, as Jornadas Missionárias 2014, sob o tema Família, um projeto… .
As jornadas continuam o seu objetivo geral de descobrir, aprofundar e traçar novos caminhos de evangelização a partir de Cristo, focando-se este ano, de um modo particular, nos desafios que a sociedade atual lança à Família.

As Jornadas Missionárias começam no dia 20 com o painel Família hoje…, cujos intervenientes serão Margarida Cordo, Pedro Valinho e Joaquim Azevedo, e o moderador o padre João Aguiar. Durante a tarde realizam-se seis workshops em simultâneo, seguidos de um plenário e Eucaristia. À noite, a partir das 21h00, terá lugar um convívio com testemunhos missionários.
No segundo dia, a 21, D. António Couto reflete sobre o tema Evangelho e missão da Família, e à tarde, a partir das 15h00, uma mesa redonda reúne atores, escritores e apresentadores que discorrerão sobre o tema Família e comunicação.

A organização do evento é da responsabilidade da Comissão Episcopal de Missões, das Obras Missionárias Pontifícias, do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil e da CIRP.

Marquem já na vossa agenda! E inscrevam-se aqui.
Para mais informações sobre o Programa, cliquem, por favor, na seguinte imagem:

http://www.opf.pt/index.php/jm2014

“Se as famílias são frágeis por definição, elas são ao mesmo tempo esse lugar único onde sempre se pode manifestar o milagre de amar de novo, amar ainda mais, para além das incompreensões, sofrimentos, desilusões. Amar e sentir-se amado. É que o amor de Deus faz que da sua própria família nos abramos a uma nova família: à família da sociedade, à família da Igreja, à família do mundo. E isto é Missão!” Pe. António Lopes, SVD (Diretor Nacional OMP)

Boas Jornadas Missionárias!

quarta-feira, setembro 03, 2014

Angelicana, mãe de uma grande família

Olá, muito boa noite.
Amanhã já é dia de regresso a Angola. Por isso ainda quero aproveitar para partilhar convosco algumas das últimas novidades da missão.
Na última semana que lá estivemos demos mais uns passos em direção à sustentabilidade da missão, um dos objetivos dos nossos projetos de desenvolvimento.
Depois da primeira capoeira, que já tem habitantes, fizemos a segunda, mesmo ao lado. O objetivo é ter dois espaços separados , um para as galinhas poedeiras, outro para o resto da classe galinácea.
Aqui há uns anos foi oferecida à Angélica Filipe uma porquinha ainda pequena que logo recebeu o nome de Angelicana. Entretanto a porquinha cresceu, ficou prenha, pariu alguns porquinhos, mas comeu-os todos.
Depois “ganhou juízo” e a família cresceu. Já temos ao todo 16 suínos, entre machos e fêmeas, sem contar dois ou três que já comemos, mais três que já foram vendidos e ainda os que morreram. Portanto, a Angelicana é mesmo de boa fibra.
Desde o início que a “família” esteve à guarda da mãe Carolina, no Uquende. Nós fomos apoiando com as despesas da alimentação dos animais. Mas para ela já era um peso. Por isso, há uns tempos começámos a preparar um local que aos poucos foi recebendo melhorias e finalmente ficou terminado neste mês e Agosto. Depois o camião Mogui Mogui Elefante Branco transportou toda a bicharada para a nova “casa”. Ao princípio viu-se que estranharam, depois rapidamente se adaptaram.
A criação destes animais visa apoiar a nossa alimentação (para não estarmos tão dependentes dos enlatados) e também proporcionar receitas para a missão com a sua venda.
Muito obrigado a todos os que de alguma forma foram apoiando a implementação destes projetos.
Um abraço e até breve.

 
P. Vítor Mira

segunda-feira, setembro 01, 2014

Formações na Donga

Olá amigos, boa noite.
Como já foi noticiado, estou em Portugal por uns dias…
Aproveito ainda para partilhar um pouco do que foram os últimos dias da nossa missão antes de vir.
De 14 a 23 de Agosto estivemos no Gungo. Como a cantina da missão estava a precisar de abastecimento, aproveitámos para ir no camião Mogui Mogui Elefante Branco, deixando assim abastecimento para um mês.
Além da peregrinação à Pedra Gonga, a que já fizemos referência, durante esses dias tivemos ainda outras atividades.
A mana Tânia deu três formações: lideres da Pastoral da Criança, Parteiras(os) Tradicionais e Promotores Rurais de Saúde. Pelo meio atendeu inúmeras pessoas que recorrem à missão com vários problemas de saúde. As filas de espera nunca terminam e alguns até parece que querem aproveitar a presença da médica para curar alguma doença que ainda poderão vir a ter quando ela já não estiver…
Durante estes dias também houve retiro de cerca de 50 catecúmenos que andam na escola, aproveitando a pausa escolar de agosto. Num dos dias tivemos aquilo a que chamamos “campanha”: uns foram cortar lenha para missão, outros “capinar” um terrenos que queremos semear nas próximas chuvas. No fim houve surpresa: leite e cereais que tinham oferecido à nossa missão. E como lhes “cuiou” (agradou).  Aquelas crianças e adolescentes ficaram tão animados com o que viveram na missão que nem queriam ir embora… mas tinha que ser porque a seguir vinham outros.
E os que vieram a seguir foram os catequistas, menos do que esperávamos, e os promotores rurais de saúde, cerca de 40. A estes últimos apelámos a que aproveitassem bem a formação e a levassem à prática nas suas vidas, famílias e comunidades. Demos a conhecer que embora a formação para eles fosse gratuita, de fato ela tinha custos que outros suportavam para os poder apoiar.
E foi muito interessante a reação: no fim da formação leram uma bela mensagem de agradecimento à mana Tânia e deram-lhe uma oferta de cerca de 8.000,00 kwanzas (um pouco mais de 50,00 euros). Foi um gesto bonito de quem tem pouco, mas percebeu que mesmo assim também pode partilhar. E a Tânia foi “obrigada” a aceitar.
Mas durante estes dias ainda houve mais… fica para a próxima. Ficam as fotos que ilustram esses dias e um abraço.

P. Vítor Mira






 

domingo, agosto 31, 2014

Peregrinação à Pedra Gonga

Olá, muito bom dia.
Aqui estamos para partilhar em algumas linhas mais alguns passos da nossa missão.
Depois do regresso do Longundo estivemos alguns dias no Sumbe. No dia 14 de Agosto subimos para a Donga para preparar a peregrinação à Pedra Gonga, uma capela construída por volta de 1950 sobre uma enorme  rocha, junto à aldeia do Uquende.
No dia 16 de manhã, sábado, partimos da Donga a pé com algumas dezenas de pessoas que já tinham chegado de vários pontos da missão. Percorremos cerca de 17 km e foram-se juntando a nós outras pessoas que vinham de outras aldeias e com as quais já tínhamos encontro marcado para prosseguirmos juntos. Logo que chegámos encontrámos outras pessoas que já tinham chegado de outros pontos da comuna do Gungo e dirigimo-nos à pequena capela para agradecer a chegada e o encontro.
De tarde tivemos a celebração da missa na capela do Uquende seguida de um tempo de oração de meditação.
À noite fizemos uma procissão de velas com uma imagem de Nossa Senhora desde a capela do Uquende até à pequena capela da Pedra. Foi grande o número de pessoas que participaram neste momento. O andor era muito simples e pobre, feito com uns paus tortos, a inspirar o sonho de fazer um mais adequado; também as velas “made in China” se apagavam com algumas facilidades e estavam a pedir uns copinhos de plástico para as proteger do vento, que entretanto já vão a caminho para uma próxima oportunidade. Durante o percurso meditámos os mistérios do Rosário.
No fim, já de regresso à aldeia, era grande o contentamento das pessoas por aquela experiência de fé e ainda ficaram mais uns largos minutos a cantar e a dançar para expressar essa alegria da fé.
O domingo começou com a oração de Laudes na aldeia. Após o “mata-bicho” e as devidas preparações, tivemos a celebração da missa dominical junto da antiga capela com a presença de várias centenas de pessoas provenientes de toda a área da missão.
No as pessoas voltaram às suas aldeias certamente mais animadas e revitalizadas na sua fé.
Em anos anteriores já tinham feito procissões até esta capela. Mas em 2013 a missão iniciou este que queremos que seja um momento importante ao longo do ano. Foi naquela capela que foram batizados os primeiros cristãos do Gungo e por isso é um marco histórico na fé da comunidade
Um abraço e até breve.

P. Vítor Mira

sábado, agosto 30, 2014

15 anos em missão - vamos celebrar!

Saudações a todos os membros do Grupo Ondjoyetu, nos vários graus de participação, e simpatizantes.

Vimos por este meio anunciar que estamos a passar pela data em que se realizou o primeiro encontro de jovens missionários que terá resultado no que hoje é o Grupo Missionário Ondjoyetu. Esse encontro ocorreu no final de Agosto de 1999 quando se deslocaram à nossa diocese alguns jovens de Créteil, França. Na altura foi feito um encontro de partilha e como continuação e por orientação do Sr Pe Vítor surgiu um grupo que foi reunindo e caminhando ao longo de 15 anos de dinâmica missionária dentro e fora da diocese e do país.

Vamos procurar viver este momento como uma oportunidade para reforçarmos a nossa coragem missionária e aumentarmos o ânimo para continuar. Nesse sentido propomos desde já vários momentos distintos:

- Abertura das actividades do Grupo Ondjoyetu, no dia 06 de Setembro, às 20:30, no Seminário, com celebração da Eucaristia seguida de jantar partilhado e apresentação do plano anual de actividades.

- Vigília missionária diocesana, no dia 17 de Outubro, às 21:00h.

- Presença no Mercado Sant’Ana nos dias 24 a 26 de Outubro. Do programa consta a abertura da exposição fotográfica renovada e do testemunho dos 15 anos de actividade do grupo. Esta presença num espaço privilegiado no coração da cidade pretende mostrar o que se foi fazendo e ao mesmo tempo despertar e aumentar a consciência missionária.

Marquem nas vossas agendas e apareçam!

Pelo Grupo Ondjoyetu: Pe David Nogueira Ferreira

quinta-feira, agosto 28, 2014

Pe Vítor está entre nós

Saudações a todos,


 
 
 

 
 
O Pe Vítor Mira veio a Portugal para uma visita rápida. Damos o testemunho da sua chegada. Estará entre nós apenas dez dias. Vem animado e com mais histórias para contar.
Em Angola ficou a Tânia Santos que tem estado a desenvolver trabalho na área da saúde e os restantes elementos, angolanos, que integram as várias funções na missão.
 
 
 
Esta vinda é oportunidade para nos inteirarmos do andamento da missão e, ao mesmo tempo permite ir preparando mais algumas etapas.
 
Boa missão para todos!

quarta-feira, agosto 13, 2014

Uma mãe sem filho e uma filha sem mãe

Olá, boa noite.
Cá estamos de novo… e com tanto para contar… que nem vai dar.
Como disse no último “post”, na sexta-feira partimos para o Longundo por um caminho desconhecido.
Graças a Deus o nosso guia não falhou e acompanhou-nos a partir do Seles. Já tínhamos percorrido 70 km. desde o Sumbe. Rumámos em direção à Catanda, daí para o Atóme, via da Chila e corte para o Longudo. Foram aos todo 80 km. de asfalto e 75 de picada, nuns sítios melhor, noutros nem tanto. Subimos montes, descemos vales, passámos por dentro de rios graças ao tempo seco em que nos encontramos, cruzámos pontes de paus e tábuas que por vezes fazem arrepiar. Das muitas aldeias por que passámos, todas parecidas, cada uma com o seu nome, ficou o de uma: Leiria. Terá algum conterrâneo nosso andado por ali?
Já perto do Longundo passámos pela Chinjamba, rodámos dentro da aldeia e até parámos para saudar as pessoas que vieram ao nosso encontro. Quando o sol já declinava no horizonte chegámos ao nosso destino, cerca de 7 horas depois de termos partido. À nossa espera um grupo de pessoas com batuques a cantar, dançar, bater palmas… a dar as boas vindas, momento que sempre emociona. Depois acompanharam o jipe com aquelas danças de ritmos tribais até à aldeia.
Foram-nos mostradas as instalações começámos a descarregar o jipe com a ajuda de algumas pessoas e o olhas atento e curioso das crianças com olhos bem arregalados de tanta coisa que saía daquela caixa metálica branca. Algumas das mais pequenas fugiam de medo e ficavam a ver-nos ao longe com olhar desconfiado. Ocupámos os nossos quartos e conhecemos a sala onde tomaríamos as refeições. Logo o avô Filipe se pôs a fazer uma sopa que nos soube muito bem. Nesse dia o cansaço era tanto que só deu para jantar, fazer alguns ajustes no programa da visita e fazer a oração da noite.
No sábado, depois da oração da manhã e do mata-bicho, distribuímo-nos pelas nossas tarefas: a Tânia nas consultas com o apoio das manas Joaninha e Teresa para a tradução e rastreio; o avô Filipe na cozinha, eu com as habituais reuniões com vários grupos da comunidade. A determinada altura a Teresa foi atender de cantina pois tínhamos levado sabão, sal, esparguete e lixívia, o que tínhamos disponível na altura. Como o dinheiro por ali é pouco, a maior parte das coisas foram vendidas à troca por milho.
No domingo tivemos a missa dominical na capela que tem paredes mas a que falta ainda o telhado. Estava muita gente e entre todos, um catequista que agora vive no Atóme e cuja presença me emocionou porque não o via há muito tempo e trazia vestida uma camisa que lhe ofereci em 1995, quando ele vivia no Gungo. Merecemos uma fotografia.
No domingo de tarde mais consultas, mais reuniões e uma lição de culinária para ensinar as pessoas a fazer sopa. Deu sucesso e muitos provaram a dita sopa que teve que ser comida diretamente do prato para a boa porque por ali não há colheres.
Entre muita coisa que aconteceu marcaram-nos duas situações em que nos implicámos. Uma grávida da qual a Tânia suspeitava que tivesse a criança morta no ventre (o que se veio a confirmar quando chegámos ao hospital do Sumbe) e uma bebé de 12 dias que a mãe e a irmã gêmea tinham morrido no parto e que praticamente não estava a comer nada.
Em vez da ginguba que queríamos comprar, trouxemos a mãe que ficou sem filho e a filha que já não tinha mãe e tem sido cuidada pela tia, mais duas crianças e uma cunhada. No tejadilho um cabrito “barreguento” que nos ofereceram no Caponte… mais bagagens, milho, ainda alguma ginguba… jipe a “abarrotar”.
À saída do Seles um polícia mandou-nos parar, mas o outro que estava à sombra na cadeira deu “instruções”: “esse aí é padre, saúda só e deixa seguir”. Recebemos um sorriso simpático, uma cara de admiração pelo local de onde vínhamos e votos de boa viagem. Como é mágica e bela a palavra “missionário”.
No Sumbe, mal chegámos a casa, eu e a Tânia partimos para o hospital noutro carro com os “casos” que trazíamos, enquanto o resto da equipa ficou a descarregar o “Cavalinho Branco”.
Ainda nessa noite a pequena “Quintinha” (porque nasceu à quinta-feira) tomou o primeiro alimento em vários dias (graças ao meu “xará” Vítor tínhamos em casa um biberon e leite próprio para recém-nascidos) e recebeu o nome daquela que pelo menos nestes dias muito a ajudou segurar a vida: Tânia!
Ontem tivemos a visita da simpática família Menezes (já falámos do Luís), que é da Maceira.
Neste momento o camião está carregado e, se Deus quiser, amanhã de manhã partiremos para a Donga para mais uma etapa de 10 dias.
Estamos juntos. Um abraço.

P. Vítor Mira