quarta-feira, dezembro 20, 2023

Juventude do Gungo esteve presente

 


No dia 24 Novembro, com a mana Sílvia ao volante do Cavalinho Branco, rumámos até Porto Amboim com 11 jovens do Gungo, para participar no Encontro Diocesano de Jovens. Chegámos perto das 18 horas, depois de pouco mais de uma hora de viagem ao som das vozes do Gungo, e fomos acolhidos em ambiente de festa e alegria.

O encontro contou com a participação de mais de 700 jovens da Diocese do Sumbe e, ao longo de 3 dias, decorreram várias actividades, desde momentos de oração a palestras variadas, com tempo para declamação de poemas, teatro e muita música.

O Inácio Francisco, jovem do centro da Tuma, partilha o que sentiu: “a formação alimentou-nos mais, para todo o tempo da nossa vida”; e que aprendeu muita coisa sobre “como se deve trabalhar na juventude, como se deve trabalhar na liturgia, como se anima todos”. Com voz esperançosa, fala da vontade de participar no próximo encontro, desta vez com mais jovens do Gungo, reconhecendo que a sua participação foi uma mais-valia.

Para alguns dos jovens camungungos, foi a primeira vez que participaram num encontro da juventude e que visitaram Porto Amboim. “Gostei de conhecer pela primeira vez Porto Amboim e gostei de conhecer o Sr Bispo, não o conhecia”, partilha o Vitorino Huambo, jovem do centro do Chitonde, que participou “com algum receio” pela primeira vez.

Sobre os temas abordados durante o encontro, o José Dever, do centro da Tuma, afirma que gostou de falar sobre liderança e «promoção da autonomia financeira», tendo-o motivado muito. É importante saber qual o negócio certo, “para que (no futuro) consiga assumir a minha família e ajudar a comunidade”.

O Justo Quessongo, responsável da pastoral juvenil do Gungo, afirma que já conhecia todos os jovens que participaram no encontro, mas que teve oportunidade de conhecer melhor cada um deles e que os vários momentos de convívio foram importantes, destacando a visita ao santuário de Santo António, que não conhecia e que para ele foi “o melhor momento do encontro”.

Sobre vivência espiritual do encontro, o Domingos Pedro, um jovem camungungo que vive no Sumbe há uns anos, revela: “a minha relação com Deus ficou mais próxima, muito próxima”.

O encontro terminou em ambiente de festa, no dia 26 de Novembro, dia de Cristo Rei e dia Mundial da Juventude. Do programa destaca-se a celebração da missa dominical, presidida por D. Firmino David, bispo do Sumbe.

Depois do almoço foi tempo de arrumar as coisas para regressar ao Sumbe, mas, antes, fizemos uma paragem pela praia, para um mergulho e avaliação do encontro com os jovens do Gungo.

O encontro foi uma oportunidade de troca de experiências entre jovens e com os responsáveis dos vários grupos. Para mim, que sou recém chegada, foi também importante para conhecer melhor os jovens do Gungo, criando uma relação de maior proximidade com cada um
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Mana Ana Lúcia

quarta-feira, agosto 23, 2023

A inauguração da capela do Uquende está para breve

É uma grande alegria darmos esta notícia. Uma obra nascida pela vontade do povo e com a ajuda de muitos voluntários que ´já passaram pelo Gungo e também com o trabalho do povo a inauguração da capela está quase aí. Todos somos convidados a associarnos e este evento mesmo que à distância.

Estamos Juntos 



sexta-feira, setembro 02, 2022

Dias de comemoração no Gungo

 





A missão de S. José do Gungo viveu um fim-de-semana festivo com a missa de acção de graças da irmã Teresa Candumbo e o encerramento da formação bíblica dos catequistas. 


Esta formação, que aconteceu na sexta-feira, dia 19 de agosto e continuou no sábado, dia 20, teve como principal objectivo a formação bíblica, tendo culminado com a eucaristia de domingo, durante a qual  foram entregues as bíblias oferecidas pela UASP (União das Associações dos antigos alunos dos Seminários de Portugal).



Outro dos momentos altos do fim de semana no Gungo foi a celebração de acção de graças pelos votos da irmã Teresa Eduardo Candumbo.
A irmã Teresa é natural da área do Chitonde, fez a sua escolaridade básica no Gungo e, depois, ingressou na Congregação das Irmãs Escravas da Santissima Eucaristia e da mãe de Deus. Aí pôde compreender a sua vocação e formar-se para assumir votos temporários que serão renovados anualmente e passarão a perpétuos daqui a 5 anos. 

Os votos decorreram no Lubango no dia 16 de julho e, juntamente com a irmã Teresa, professaram mais quatro irmãs e duas da mesma congregação celebraram 25 anos de consagração. Foi uma festa emotiva em que uma delegação de 10 pessoas do Gungo pode participar.

Estiveram ainda presentes na celebração de acção de graças pelos votos da irmã Teresa, seis irmãs escravas da santíssima eucaristia vindas de Luanda, que além de participarem na comemoração, também aproveitaram para conhecer o Gungo e o projecto missionário.


Foi ainda altura de acolher dois missionários, que voltaram ao Gungo para visitarem os vários centros, estarem com a comunidade e recolherem conteúdo para um projecto que estão a desenvolver e que a seu tempo aqui partilharemos. O Filipe Silva, que esteve connsoco em 2016 e a Cristina Mão-de-ferro que há cerca de 2 meses esteve em missão no Gungo, fizeram assim parte de um fim de semana de festa e comemoração.



A Equipa Missionária,
Pe David Nogueira Ferreira




sexta-feira, julho 22, 2022

Os “Manda Chuva da Donga” subiram ao Gungo

 





            A subida da equipa missionária foi na madrugada do dia 02 de Julho. Esse dia foi de Conselho Permanente para poder programar os próximos tempos.

            Após uma semana de trabalhos práticos e consultas, na sexta-feira, dia 08, chegaram ao Gungo alguns amigos vindos de Luanda e Benguela que, desde Outubro de 2020, se têm juntado uns aos outros. Por terem trazido a chuva das primeiras vezes que vieram ao Gungo mereceram este nome de “Os Manda Chuva da Donga”.

            A vinda de uma equipa de topografia ao Gungo, a propósito do projecto das novas construções na Missão, foi o mote para que o grupo se organizasse e fizessem uma verdadeira romaria solidária, até às nossas comunidades. Ao todo vieram 15 carros preparados para subir a picada e com autonomia de dormida e alimentação. A alguns repetentes juntaram-se alguns estreantes nas vindas ao Gungo com o desejo de conhecerem aquilo que os outros foram contando.


            Como são um grupo aberto à solidariedade, no Gungo e fora dele, juntaram a Dra Regiane que já esteve no Gungo e mais duas médicas e uma enfermeira e, em dois dias, deram cerca de 202 consultas. O Povo, sabendo que vinham médicos a sério, trouxe as queixas antigas e novas aproveitando para pôr em dia algumas situações.

            Ao virem trouxeram as duas equipas de topografia e de saúde e muitas ofertas para a missão: Uma arca frigorífica com autonomia energética com sistema próprio de energia solar, roupas para crianças e adultos que foram distribuídas à comunidade, apoio à dispensa da missão e dos seus funcionários, auxílio na manutenção dos veículos com os consumíveis, para além de outras ofertas. Sabemos que estas ofertas são fruto de muitas generosidades e não apenas daqueles que vieram.

            No sábado, alguns puderam percorrer algumas das picadas menos circuladas do Gungo e usufruir da beleza paisagística, da aventura e de se sentirem no meio do povo ao percorrer os bairros.

            Há alegria nas coisas que trazem, mas a alegria sente-se ainda maior com a sua presença, com a sensibilidade que manifestam para com o povo do Gungo ao aceitarem trepar as montanhas para virem estar connosco. O interesse que mostram ao querer saber da vida e dificuldades do povo e as soluções em que podem dar uma ajuda são motivo de regozijo.

            É sempre bom voltar a ter “Os Manda Chuva na Donga” connosco. Trazem sempre um novo fôlego, uma boa energia que nos faz acreditar que a nossa missão chega verdadeiramente aos seus corações e que, tal como nós, acreditam nas melhorias que nos propomos com todos aqueles que estão ligados a este projecto e o fazem avançar.

            Um agradecimento muito especial, à super equipa de topografia e à empresa Novitop que os disponibilizou e que se mostraram incansáveis e muito dedicados à causa permitindo assim, com o seu esforço e trabalho que prossigam os projectos da missão.

Pela Equipa Missionária

Pe David



segunda-feira, julho 04, 2022

As construções no Gungo

 Saudações a todos!

Hoje escrevemos para vos dar conta de como estão as nossas construções na Missão!

Um dos projectos mais bonitos da nossa Missão, está relacionado com a construção de edifícios em BTC – Blocos de Terra Comprimida.

Esta técnica construtiva, já em desenvolvimento noutros países do mundo, como é por exemplo o Brasil, recorre à terra local que, misturada com água e uma pequena quantidade de cimento, nos permite a produção de blocos de terra cujo impacto ambiental é praticamente zero. Isto porque, além da matéria-prima se encontrar a metros do estaleiro, não é usada qualquer energia para secagem dos blocos. Secam ao ar e apresentam bastante resistência, conforme já pudemos testar.

A produção destes blocos é também uma forma de ajudar a comunidade local, dando-lhe emprego directo e a aquisição de conhecimentos que ajudarão, com certeza, na autonomia futura desta população.

Estamos assim no bom caminho para tornarmos real o sonho de construir equipamentos (escola, posto de saúde, capela, casa de apoio aos missionários, cantina...), que ajudarão no desenvolvimento da comunidade do Gungo, criando espaços mais dignos de resposta às necessidades da população.

Neste momento, estamos perto de finalizar a Capela do Uquende, onde só faltam alguns pormenores e também a casa de apoio aos catequistas que fica na Donga, a aldeia da Missão.

A nossa equipa de projecto continua a trabalhar afincadamente no plano geral da aldeia e o próximo fim de semana vai ser muito importante: uma equipa de topógrafos de Luanda disponibilizou os seus serviços para nos ajudar com o Levantamento Topográfico, imprescindível para a continuação dos trabalhos.

Aliás, aproveitamos esta publicação para agradecer a todos os amigos da Missão que têm permitido através dos seus contributos, fundos, contactos, apoios de toda a espécie, para conseguirmos tornar estes projectos reais.





Twapandula!!

Pela Equipa Missionária

Cristina Mão-de-ferro

terça-feira, junho 14, 2022

Até já, Donga!

 

            

            Rumo à Donga, no passado dia 4 de junho, pernoitámos no Uquende, onde fomos recebidos em grande euforia, apesar da hora e de ser já noite escura. Uma alegria para quem recebe os missionários, mas principalmente uma grande emoção para quem se sente sempre tão bem recebido e acarinhado pela comunidade.

            Além do mais, desta vez tivemos a presença de um bom amigo da missão, o Vítor Moniz, mentor do Volta a África e membro do grupo “Os Manda-chuva da Donga”, que nos acompanhou na subida à Donga.

            O domingo ficou marcado pela celebração da eucaristia na capela que, apesar de pequena para todos os que quiseram marcar presença, consegue sempre ser um imenso lugar de partilha, amizade e emoção.

            Depois de almoço, rumámos à Donga, ansiosos por iniciar mais uma semana de trabalhos que foi, para mim, intensa e cheia de sentimentos contraditórios...

            Por um lado, tentar deixar o máximo de trabalho orientado, desenhar com o Padre David pormenores construtivos para se terminar a estrutura para a cobertura da futura casa de apoio aos catequistas (que está mesmo quase!), percorrer e reconhecer bem o terreno, a sua topografia e singularidades para melhor implantarmos os futuros edifícios, deixar informação para ser partilhada com a comunidade, tentar desenvolver ao máximo o projecto que ansiamos ver crescer. Tudo isto entre consultas, preparação da Pastoral da Criança e outras actividades inerentes à missão.

 

            Por outro lado, a nostalgia de uma despedida que se aproximava a cada pôr-do-sol, a sofreguidão de querer aproveitar cada segundo de colo e partilha, de cada riso e abraço e da imensa alegria que todos os dias me invadiu de manhã à noite.

            Agora é hora de voltar a casa...abraçar os meus filhos e os meus pais de quem tenho tantas saudades, reunir os amigos para partilhar as aventuras e dizer a todos o quão bonita é esta Missão, o quão lindo é o Gungo e deixar em todos a vontade de virem também deixar aqui parte do seu coração!

            Mas não têm que se preocupar com isso...porque aquilo que levamos é imensamente maior!

 

            Até já, Donga!

 

Pela Equipa Missionária

Cristina Mão-de-ferro

sábado, junho 04, 2022

Subir ao Gungo...


Dia 24 de maio foi finalmente dia de subir ao Gungo, com paragem no bairro Eval Guerra, para tirar uma fotografia junto à placa que indica a direcção da Missão e que marca o fim da estrada alcatroada e o início da picada.

Até aqui, a viagem foi tranquila, adoçada pelas músicas que se alternam no rádio do cavalinho e que os vários missionários têm juntado às escolhas do Padre David, sempre que chegam.

 O início da picada foi uma boa surpresa para quem, como eu, vinha com as expectativas muito baixas em relação às suas condições. Ainda assim, foram quatro horas e meia de caminho por entre vegetação densa e verde e o caminho cheio de obstáculos, que com muita experiência e agilidade o Padre David conseguia transpor.


 A meio do caminho parámos no Uquende para ver a construção da nova igreja que está quase acabada e que tem a inauguração prevista para outubro deste ano.

A igreja, assim como outras construções que se estão a desenvolver na missão são realizadas em BTC, bloco de terra comprimida, num processo verdadeiramente sustentável. A terra que é recolhida a metros das construções, o mão-de-obra local e todo o processo construtivo que não consome energia além daquela gasta pelo motor que é usado na máquina desenvolvida de propósito para este fim.


Vista a igreja e depois de algum contacto com a realidade da aldeia voltámos a subir o Gungo a caminho da Donga onde se encontram as estruturas da Missão.

 Os dias na Donga são pequenos para tanto trabalho que há a fazer...e não chegam as mãos nem a vontade para as necessidades, mas a verdade é que isso não nos pode desanimar e, pelo contrário, dá-nos alento para fazermos o que for preciso para avançar sempre um pouco mais.

 

Assim, entre consultas, acompanhamento da obra da casa de apoio aos catequistas, reuniões de trabalho e conversas sobre o projecto da missão, passámos a maior parte da semana, pontuada pela minha visita a Cabinda onde participei nas aulas dos meninos da aldeia, pelo Conselho Permanente que aconteceu no sábado, dia 28 de maio, onde nos reunimos com os catequistas e foram partilhados problemas e preocupações da comunidade e pela celebração do Domingo da Ascensão do Senhor.

 Agora, depois de alguns dias no Sumbe, na sede da missão, preparamos o regresso ao Gungo para mais alguns dias de trabalho e contacto com a comunidade. Para mais incríveis nasceres-do-sol, pores-do-sol e tantos momentos de afecto e partilha.

Até já!!

 

Pela Equipa Missionária

Cristina Mão-de-ferro

Dois meses na Missão Católica do Gungo em Angola



                 Dois meses no Gungo com o Grupo Missionário Ondjoyetu, foi antes de mais a concretização de um sonho, várias vezes adiado pela pandemia.

                Não importa a origem da força que nos move. O importante é sentir essa força, reconhecer o que nos traz alegria e paz interior, liberdade e coragem para agir. Partir, sem grandes planos e objetivos, mas de coração disponível para viver o desafio de aceitar o que vier. Este foi sem dúvida o foco principal.

                Em cada dia passado em Angola, senti a força de uma frase do escritor moçambicano Mia Couto que passo a citar- “Só é olhado pelo céu quem olha as estrelas”. Em cada dia e nas mais diversas situações em que tantas coisas positivas aconteceram, senti esse olhar, que quero acreditar ter vindo do céu.

                 De facto, olhar as estrelas no silêncio do Gungo com tudo o que aquele enorme céu tem para oferecer é receber do Alto muito mais do que possamos imaginar.

                Olhar o pôr-do-sol naquele lugar, é sentir que uma luz Divina nos invade a alma como uma bênção, nos impõe silêncios mágicos em que sentimos o significado de “ser feliz com muito pouco”.

                No Gungo, aparentemente no meio do nada, é possível sentir tranquilidade e paz. Encontrar aventura e surpresa em cada quilómetro de picada percorrido, vida e beleza em cada quadro vivo que fica gravado na nossa memória.

                 Construir relação e comunicação em cada encontro feito de conversas, sorrisos rasgados, mãos agradecidas, olhares meigos de crianças sedentas de atenção e carinho.

                Mais importante que a avaliação do serviço que efetivamente prestei, foi sentir que o verdadeiro sentido da existência está em pequeninas coisas que podem fazer toda a diferença na relação entre povos, apesar da diversidade de hábitos e culturas. Perceber que a partir do pouco ou muito que fazemos e somos, se pode crescer e fazer crescer.

                Nesse sentido, o saldo foi francamente positivo. Regressei de coração cheio e agradeço a todos quantos proporcionaram a minha aproximação a este grupo missionário, a quem felicito na pessoa do Padre David Nogueira, pelo enorme serviço que actualmente presta à melhoria das condições de vida das gentes do Gungo.

                Termino recordando as palavras do Papa Francisco “Seremos julgados com base no amor. Não sobre os sentimentos, mas sobre as obras; sobre a compaixão que se torna proximidade e ajuda atenciosa”.

                Neste espírito, é tempo de projetar o futuro. Prestar atenção aos sinais que o nosso coração dá e acreditar que é possível fazer sempre mais em ordem à construção de um mundo melhor. O futuro a Deus pertence….

                Isabel Cabeleira