quarta-feira, setembro 03, 2008

Um olhar sobre a minha janela

Da minha janela vejo um "mar" de castanho. Um morro se eleva diante dos meus olhos. Pequenas casinhas, vários trilhos, algumas crianças brincando sentadas no chão de terra e meia dúzia de galinhas bicando por todo o lado. Castanho aqui, castanho ali, até nós castanho estamos, mas ainda sobrevive algum verdinho que resistiu ao tempo seco que por agora termina...as primeiras chuvas já se fazem sentir! O barulho é constante. Não é um barulho cansativo, apenas o barulho próprio de quem se encontra no meio das montanhas do Gungo. Gente que passa, algumas motas mas poucas, o riso e a conversa das mamãs que se trançam umas às outras, o choro dos bebés e os sons característicos de quem brinca e tem idade para brincar. O cheiro a fumo é constante...Há sempre pequenas queimadas, montes de folhas que se agrupam depois de varrido o chão em frente às casas. As lareiras, nas cozinhas, também ajudam a que o cheiro se espalhe. O ventinho e o cacimbo tanto matinal como ao entardecer caracterizam este belo local. Parece um sonho, um daqueles bonitos postais que vemos ou uma fotografia de álbum de alguém viajado, mas abanamos a cabeça e voltamos a abrir os olhos. Não é um sonho, sou eu mesma que estou sentada nesta cadeira verde de plástico a olhar para fora da minha janela e a ver o pouco tempo que tenho a voar e pensar que ainda agora cheguei mas é já daqui nada que estou a partir. Eu por aqui estou bem acomodada neste lugar mágico que me trás à recordação todos aqueles documentários que vi, mas nada é igual à que aquilo que vivemos e experimentamos! Na alma fluem sentimentos de alegria por puder viver tão nova esta oportunidade que Deus me dá e de tristeza por ver este povo que ainda se encontra tão perdido neste pedacinho do mundo, mas também há algum sentimento de revolta por ver que não avançam mais depressa porque a cultura deles é de puro comodismo. Para já um obrigado a todos os apoiam este projecto, mas principalmente ao povo do Gungo que nos abre a porta para que nos sintamos o mais em casa possível. Twapandula Mana Martinha

4 comentários:

Inês Pereira disse...

Que bonito texto mana Martinha :) Por momentos quase que cheirei o Gungo. É tudo tão característico, é tudo tão mágico. Aproveita e vive esse sonho cada minuto.
Um grande beijinho:
Mana Inês

Anónimo disse...

Mana Martinha: Deus da a cada um o Dom e a generosidade necesaria para fazer que os outros sejam felizes, Tu ali com esse lindo povo do Gungo, Eu ca na minha querida terra mas que ainda nao cheguei a esperada e nova missao de Chihuahua, terras muito diferents mas que sabem dar sempre o melhor delas aquando a alguem que tem desejos de ajudar mesmo com um graonzinho de areia.Continua a olhar os sinais do Amor de Deus no meio desse grande e querido povo, que tem muito para dar. Rezo por Vos.
Estamos juntas.Tua mana Ir.Nancy
Desde Monterrey.N.L=Mexico.
Um beijinho de passarinho eum abraco de ursa.

Anónimo disse...

Como eu te compreendo! O Gungo, esse local mágico que contagia todos os corações...E eu que já sinto tantas saudades... do povo, da especificidade desse país, da cultura...
Aproveita cada momento. vive e respira cada experiência.
Desejo-te muita força e coragem para a continuação dos trabalhos.
Estamos juntos SEMPRE ;)

Anónimo disse...

Olá Marta! Conheço-te pouco mas sei que és uma "não acomodada".Diz-se que "uma imagem vale mais que mil palavras" mas o teu texto veio demonstrar que não foste "formatada" por esta mentalidade, quando o li pensei no mesmo que a Inês e garanto-te que o cheiro, a magia, o sonho ... não vêm na imagem. Jitos
Ana Carreira