Olá amigos e amigas, como estão? Nós, apesar do recente
silêncio, estamos bem, graças a Deus. O tempo é que não tem chegado para
partilhar um pouco convosco. Mas agora cá vai.
Consta-nos que em Portugal, depois da chuva, o frio se faz sentir
com bastante intensidade, algo comum ao hemisfério norte, nesta altura. Por
aqui é o contrário: muito calor e bastante chuva, principalmente nas áreas
montanhosas, como é o Gungo. Depois de anos de seca, este ano tem chovido
bastante, de tal modo que muitos já choram o feijão que se está a perder. Com
isto ganha o milho. Só esperamos que a chuva não pare de repente, como já
aconteceu, e aí o milho também se pode perder.
A chuva é uma bênção, mas por vezes também causa de tormenta:
os caminhos de terra batida (picadas) por onde passamos vão-se degradando. Há
umas semanas fui à aldeia do Belém levar uma carga para uma cantina. A picada
era inclinada, tinha chovido, o camião escorregou para a zona cultivada e
depois foi o cabo dos trabalhos para o tirar de lá, para não falar do milho que
se estragou. Valeu-me a ajuda de umas pessoas (também algumas crianças) que por ali estavam a cultivar as
suas lavras.
Outra consequência menos agradável da chuva é a autêntica
invasão de insetos que sofremos e alguns deixam bem as suas marcas nos nossos
corpos. Outros é um cheiro horrível… há-os para todos os gostos, principalmente
dos lagartos que também abundam e, em parte, ainda bem.
Mas a chuva também permitiu, com as pevides que a minha mãe
me deu, crescer um lindo abobral que já dá abóboras para os nossos porquinhos. Também
as saborosas bananas, e agora as mangas, agradecem à chuva a sua chegada. O rio
Cambongo, e também os outros, correm cheios e as águas que deles são captadas
diretamente são bem castanhas. Mas mais vale isso que não tê-las.
Numa das últimas vezes que estivemos na Donga teve lugar um
retiro com crianças e adolescentes que se prepararam para a Primeira Comunhão.
Tiveram, por duas vezes, direito a uma sobremesa láctea que nos foi oferecida
pela “Lactiangol” e também receberam um catecismo, dos que vieram de Portugal.
Depois de terem caminhado nos seus centros e decorado a “Doutrina”, agora vêm à
missão para terminarem a sua caminhada e receberem uma formação mais
catequética e baseada na explicação do que já aprenderam e sabem de cor, mas
por vezes não percebem. Também serão examinados durante esta reta final.
Na semana passada eu e a Teresa fomos a Luanda com o nosso
camião. Tínhamos feito um pedido de apoio em cal à MOPIC para podermos caiar e
assim renovar a nossa missão. Foram-nos oferecidos 1.200 quilos do referido
produto. Justificando uma ida no Unimog a Luanda, aproveitámos para contatar
algumas pessoas amigas e conhecidas para nos comprarem carvão e assim
rentabilizar a viagem. Levámos 63 sacos. Mas foi uma autêntica via-sacra que
teve sete estações, todas patrocinadas pela polícia com interpelações muito
curiosas e que até nos fizeram rir.
No regresso, além da cal, ainda trouxemos leite, cereais,
arroz, feijão e enlatados oferecidos por dois armazéns. Ainda comprámos uns
tubos de ferro para as obras na nossa missão e o nosso amigo José Afonso Amorim
ofereceu-nos um motor para a britadeira de milho que estamos a fazer.
No próximo domingo estaremos no Sumbe para participar nas
ordenações.
Um abraço, até à próxima e santo Advento.
P. Vítor Mira
2 comentários:
Saudações Pe Vítor,
Obrigado pelas novidades, continuação de muita força para avançar.
Sobre os insectos... Se calhar temos de ir vendo as dietas orientais pode haver aí nutrientes a aproveitar.
Bons alfobres na lavra e nos corações. Santo Advento!
Alô linha da frente, votos de uma boa caminhada de Advento, para que Jesus nasça no coração de todos vós.
Obrigado Pe. Victor pela descrição do vosso trabalho que é muito belo.
Estamos juntos.
Tio Serra.
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