Saudações a todos os que passam por este espaço
Já lá vai algum tempo sem dar notícias através
deste meio, mas é só sinal de muito trabalho por estas bandas e de não tirar
tempo a outras coisas para dedicar à partilha. Todos os dias sobram tarefas, graças
a Deus. Por vezes o nosso Kiko cão tenta ajudar, empurra pedras (para o meio do
caminho), faz de porteiro (mas só vai ver quem lá está e não abre o portão), lava
o prato (mas só o dele), vai para a horta (mas não arranca só as ervas
daninhas), Mas como guarda é exímio
.

Mas passando às notícias mais sérias… Não
conseguirei actualizar tudo mas faço um apanhado das atividades habituais.
Apesar da pandemia temos reunido o Concelho Permanente mensalmente com a presença
dos nossos catequistas visitadores sendo portadores de mensagens e informações
de e para cada comunidade e partilhando o trabalho que eles mesmos realizam nos
centros aquando das suas visitas mensais. Algumas das tarefas que fazíamos na
sede da missão estão eles agora a realizar nos centros, nomeadamente a
avaliação e acompanhamento de grupos de formação entre os quais os catecúmenos.
Para ajudar a essa tarefa foram agraciados com um par de botas.
Ao nível das celebrações temos incentivado a que
estas sejam o mais descentralizado possível: Sejam nos bairros ou ao nível dos
centros. Aglomerações na missão apenas quando estritamente necessário como foi
o caso da celebração da Páscoa ou a finalização de caminhadas de preparação e
celebração de sacramentos ou os retiros para membros dos movimentos apostólicos.
No dia 25 de Abril estivemos unidos à diocese de
Leiria-Fátima rezando pelo novo sacerdote, Jorge Fernandes que muitos aqui
conheceram quando por cá passou, e no mesmo dia em união com a diocese do Sumbe
que celebrou a ordenação de 6 novos diáconos.
No que toca à agricultura e pecuária ampliou-se o
curral dos cabritos e, neste momento, eles já estão bem educadinhos para
entrarem quase sozinhos ao final da tarde. Tivemos também o nascimento de 18
pequenos cabritinhos nos últimos meses. A reprodução chegou à pocilga mas o
índice de sobrevivência é baixo. Os porquinhos da Índia passaram de 2 a 4, as
galinhas não conseguimos acompanhar o número porque aparecem pintinhos mas há
muitas aves de rapina que “regulam a população”.
Na horta grande as nossas árvores estão a crescer, fruto
do trabalho continuado de plantio com a mão de vários voluntários que por aqui
têm passado: mamoeiros, sape-sape, mangueiras, nespereira, sobreiro, oliveira, nogueiras,
videiras, cana de açúcar, moringa e embondeiro são as espécies que vão teimando
persistir naquele espaço. Na lavra temos agora o feijão a sair e já se
rói maçaroca de milho. A jinguba ainda vai esperar um pouco para ser colhida.
Em relação aos serviços na missão mantêm-se. Tem
havido sempre procura por consultas de saúde. Vamos fazendo uma média de 30
consultas por semana quando a equipa lá está. Tentamos sempre ajudar quem nos
procura. A malária continua à cabeça das doenças mais frequentes e, por vezes,
esgotam-se os testes rápidos. Parte importante do trabalho em saúde é a
educação para uma melhor saúde e para a prevenção o que leva sempre muito tempo,
mas é necessário.
A serralharia agora já com um espaço fechado continua
a tratar da saúde das motas e de outras peças que ali vêm à reparação. Já se
vão fazendo alguns trabalhos mais técnicos como é a abertura de roscas. Os
serviços de fotocópia e plastificação, nos últimos meses, tiveram uma procura muito
maior devido ao trabalho de massificação do registo de nascimento e da
atribuição de BI ao qual nós temos dado apoio logístico às instituições
envolvidas. Famílias inteiras dos avós aos netos têm-se “tornado cidadãos”
deste país. E o único sítio das fotocópias é a missão! A cantina tem continuado
a ser um local de abastecimento a preços acessíveis, mas temos notado a perda
de poder de compra das pessoas devido a duas épocas agrícolas consecutivas sem
produção. Muitos já só compram o “meio quilo” ou o “meio litro” e outras coisas
vêm ao balcão mas voltam à prateleira. Na área do negócio investimos de novo no
negócio do carvão para apoiar alguns produtores do bairro do Sapato.
As moagens (Uquende e Donga) continuam mas no
Uquende temos tido algumas avarias com necessidade de parar até reparar e fazer
devida manutenção.
O camião continua no sobe e desce para abastecer a
missão e servir alguns clientes sendo sempre necessária a sua presença para
abastecer a missão de água. Com o projecto de abastecimento por gravidade será
liberto desta tarefa.
Ao nível das infraestruturas e outros trabalhos
temos avançado na obra onde instalaremos 3 sanitas e três chuveiros com o reaproveitamento
da água dos banhos para as sanitas. Está a ganhar jeito! Outro trabalho são os
testes com novo tipo de terra para fabrico de blocos de BTC. Segundo o método
chegaremos ao melhor bloco possível a utilizar na casa de apoio aos catequistas
que tarda em sair da viga de fundação. Para além das obras vão-se construindo
os funcionários que aprendem um pouco de tudo. Seja relacionado com a
construção, serralharia, fusão de plástico para remendar cisternas, pintar à
pistola, electricidade, canalização, elaboração e cumprimento de projectos…

Nas estadias na cidade do Sumbe também se vai
avançando com alguns trabalhos práticos e de manutenção como é a reconstrução
das grades “do lado do mar”, o aproveitamento de algumas ofertas como foi o
caso de um vidro oferecido pela angovidro que deu uma bela mesa de tender o pão.
Também alguns meninos, amigos da missão, passam por aqui e treinam algumas
coisas relacionadas com a escola colaborando também nas tarefas da casa. O Sumbe é também lugar de contactos para a elaboração
de projectos, o reatar de laços com nossos parceiros como a associação Atlas, o
Move-te Mais, Volta a África e contactar com familiares e a nossa retaguarda em
Leiria-Fátima. Aqui também se tratam todas as questões burocráticas do
pagamento de impostos, contactos com a diocese e trabalhos de cartório.


Com as chuvas a picada sofreu e precisou de
mobilização de algumas comunidades. Num dos dias de campanha também os
trabalhadores e residentes na missão Donga trabalhámos tapando os buracos com
pedras na área do morro do Calima. Este é daqueles trabalhos que todos os
anos parece não ter fim e a esperança de ver uma estrada definitiva é apenas um
sonho.
Partilho que o Covid também existe por cá, mas não
há escala que escutamos nos outros países do mundo. Diariamente mantemos no
nosso pensamento e orações de solidariedade.
Subiremos hoje novamente às montanhas do nosso
Gungo. Esperemos que todos os amigos em Portugal estejam bem, estão no
nosso pensamento. Juntos na missão e na oração. Tchauê!
V: S. José Protector do Menino Jesus!
R: Rogai por nós!
A Linha da frente com umas ajudas da retaguarda