sábado, abril 05, 2008

À mesa

Na missão também se come. Tem mesmo que ser.
Aqui vemos os missionários à mesa, à espera do almoço.
Normalmente é a comunidade que providencia este ponto, ainda que com a colaboração da equipa missionária. Há locais onde já existem os utensílios básicos de cozinha para tomar refeições. Mas, noutros locais, não há nada disso e os missionários têm que os levar. Também acontece a comunidade não ter esses bens e alguém de lá os emprestar para acolher os missionários. Mas está-se a fazer um esforo para que todas as comunidades onde a equipa vai tenham os seus próprios meios.
Quase sempre há uma mesa de madeira, por vezes muito velha, carcomida do sálálé e às vezes "coxa". Mas também já vão aparecendo as de plástico, que até são desmontáveis. Vemos na imagem cadeiras também de plástico. São compradas na cidade quando as pessoas lá se deslocam. Como há poucas, existem sempre pessoas disponíveis para as levar de um lado para o outro: sala de jantar, locais de formação, local da missa, à volta da fogueira....
Às vezes custa-nos um pouco nós, os missionários, sentarmo-nos nas cadeiras e as outras pessoas em cima de troncos, pedras ou até mesmo no chão. Mas não nos dão outra hipótese. Seria uma ofensa para as pessoas recusar essa oferta.
Por aqui termino. Bom apetite para os nossos missionários.
P. Vítor Mira

1 comentário:

Belangola disse...

A hora de comer, aqui em Angola, é das coisas que me faz mais confusão e mais tristeza. Apesar do Pe. Víctor se ter esquecido das fotos, consigo imaginar as cenas de que fala na perfeição, por já ter acompanhado a equipa missionária durante alguns dias no seu 1º ano
fábrica e apercebo-me da situação em que vivem e das carências que têm. São inúmeras as vezes que ao longo do dia os ouço dizer que estão com fome. Pergunto:- Então não matabicharam? Não, respondem. Não temos dinheiro! O pouco ordenado que recebem, não dá para todas as despesas e ainda para comerem. Então, quase que a única refeição que fazem é o almoço que a firma lhes dá (um prato de arroz com feijão). Trabalhar das 7h da manhã, às 18 ou 19H só com um prato de arroz e feijão, sob um calor de morrer, enquanto nós comemos refeições normais e bem confeccionadas, é uma dor que me deixa completamente triste. A maior parte das vezes, sempre que tomo uma refeição, fico com um sentimento de culpa incrível!!.. Mas o mais incrível ainda, é sentir um povo que quase nada tem, fazer ou arranjar com imensa alegria a comida que eles não comem, para a equipa missionária. Ai como doi!!
Conforta-nos ver que o fazem com imensa alegria e boa vontade e que sentem prazer nisso.
Ai como nós, europeus, temos tanto a aprender com este povo!!!

Saudades para o povo do Gungo.

Beijinhos à actual equipa missionária e força para as futuras!!

Ana Bela Pereira