Boa noite.
O mês de Dezembro já é mês de férias escolares em Angola.
Por isso, o retiro dos padres e a Assembleia Diocesana de Pastoral estava
marcada para as duas primeiras semanas deste mês para dar oportunidade de
participar aos padres e irmãs que dão aulas.
Por isso, neste mês as idas ao Gungo têm que ser de “fugida”
devido a estes compromissos. Nestas alturas aproveitamos para visitar aldeias
mais próximas e também de mais fácil acesso porque a chuva está a deixar as
suas marcas na picada.
Assim, no dia 29 de Novembro, primeiro domingo do Advento,
visitámos a aldeia do Sapato.
Por ali passamos sempre que vamos para o Gungo mais
interior. A picada atravessa a aldeia ao meio e são sempre muitas as pessoas
que nos saúdam à passagem, e mais ainda as crianças com o seu “padrééé,
xauéééé".
Mas desta vez parámos e estivemos praticamente todo o dia
com a comunidade.
É uma aldeia com os seus problemas, principalmente de alcoolismo,
ainda para mais, tem lá uma loja que vende bebidas alcoólicas à descrição.
Mas sentimos que a comunidade se mobilizou para receber a equipa
e com muito entusiasmo. À capela de pau a pique e chapa de zinco foi
acrescentada uma varanda coberta de lonas velhas e rasgadas, mas nem assim o
espaço foi suficiente para albergar tanta gente que ali acorreu, vinda também
de aldeias vizinhas.
Os cânticos cantados com todas a “ganas” até me fizeram arrepiar, apesar do calor.
E o entusiasmo era tanto que tive que mandar parar o canto do Glória, logo no
início, porque já estávamos no Advento.
No fim do almoço ainda houve uma reunião com os “casais da
Igreja” que estavam sedentos por escutar palavras que dessem certeza e
segurança à opção que fizeram; um dos problemas que estas comunidades vivem são
as separações e também a poligamia de homens que casaram pela Igreja. É uma
força da tradição e muitos acabam por se perguntar “porque não faço o mesmo?”.
Nestes casos a formação é essencial.
No fim tirámos uma fotografia com os “resistentes” que
ficaram por ali até à nossa despedida.
No domingo passado fomos ao Chitonde. Na sexta subimos até à
Donga para ver como estava a nossa missão; muita chuva, lama e dança na picada.
Num lamaçal quase entalávamos o jipe, mas lá saiu. Passámos o dia de sábado
na missão e no domingo de madrugada descemos até ao Chitonde.
Lá estava a comunidade à nossa espera, embora não muito numerosa.
Este é um centro com alguns problemas, com as comunidades muito enfraquecidas e
dispersas.
Graças a Deus, deslocaram-se ao Chitonde alguns catequistas
do centro vizinho da Tuma que ajudaram a preparar e a animar a Liturgia.
No fim, sentia que para aqueles que foram à missa tinha
valido a pena, que aquela gente estava mesmo a precisar assim de um dia com a
presença do padre. Pois, também já não celebrava lá havia cerca de um ano.
No fim do almoço teve lugar uma reunião com os catequistas,
numa das salas da escola. A reunião teve várias pausas por causa das fortes
chuvadas que iam caindo e faziam um enorme ruído sobre a chapa de zinco. Já se adivinhava durante a missa porque o sol estava
forte e quando espreitava por entre as nuvens mandava umas “olheiradas” que até
parecia que esmagavam.
No fim da reunião e no momento da despedida receava pela
viagem de regresso.
Mais uma vez dançámos, demos uns tombos, sofremos umas
escorregadelas, mas com calma chegámos ao Sumbe sem novidade, mas com o coração
bem apertado. Quando saímos do Chitonde já tínhamos mudado os dois pneus de
socorro que levávamos. Mais um furo significaria “maca grossa” (grande
problema). Mas, graças a Deus, tudo correu bem.
Amanhã começa, aqui no Sumbe, a Assembleia Diocesana de
avaliação pastoral e programação do próximo ano.
Um abraço para todos.
P. Vítor Mira
4 comentários:
Obrigado Pe. Victor pelas fotos e pelo relato que nos fez, o trabalho é mais que muito, a chuva é o sangue da terra, e sem ela não à pão, mas as picadas é o grande quebra cabeças, mas Graças a Deus mesmo com dois pneus furados chegaram bem à Ondjoyetu.
Fico feliz por saber que as comunidades que foram visitadas participaram ativamente nas Celebrações com a linha da frente.
Um grande abraço para a linha da frente.
Estamos juntos
Tio Serra
Saudações,
Obrigado pela partilha. Assim acompanhamos o andamento da missão. Desejos de muita coragem apesar das contrariedades e danças na lama.
Um abraço forte e desejando Ekolelo Linene (muita coragem)
Walale linha da frente,
que boas novidades, tou a ver que a chuva está a permitir o milho crescer :D Esperemos que não destrua muito a picada e que não impeça as comunidades de participarem nas actividades da Missão. Upangue uwa (Bom trabalho).
Beijinhos, estamos juntos*
Olá Pádi.Desta vez o telhado do quarto do Padre não déstampou ? Ainda bem que as pessoas se sentiram amadas e a semente vai ficando . Grande abraço .Inês Lourenço .
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