sábado, junho 21, 2014

De Regresso à Missão II

Olá amigos, muito… bom dia!
A terça-feira foi algumas voltas em Luanda, uma cidade de trânsito muito desordenado, às vezes mesmo caótico, mas em que só é preciso saber e cumprir as regras alternativas a que podemos chamar de sobrevivência. Nem se podem cometer erros muito graves, mas também não se podem cumprir todas as regras à risca, sob pena de nunca chegar ao destino. E depois há uma máxima: seja quem for e que faça o que fizer, o importante é não bater.
No pára-arranca de uma fila, via passarem à minha esquerda, na faixa de retorno, muitos veículos a alta velocidade que lá à frente se metiam à frente dos outros, abandonando o retorno e ganhando a dianteira aos que vinham a passo de caracol. Quando cheguei ao local houve uma senhora que "se quis meter" expressando um sorriso comprometido. Eu não deixei e fiz-lhe sinal que ali seria para voltar no retorno. Daí a pouco via-a ao meu lado esquerdo, com o vidro do "pendura" aberto, a dizer-me: “vocês lá em Portugal estão muito mal informados”. Ainda fui para lhe responder, mas ela fez deslizar o vidro para cima. Limitei-me a fazer o gesto com a mão de que ela não estava a ver bem, e continuámos o nosso caminho, nas calmas.
Depois de vários contatos e tarefas cumpridas, à tarde fui a um outro armazém de produtos alimentares e ali tinha à minha espera cerca de mil quilos de farinha de trigo. Uau, que bom! Assim já temos uma boa ajuda para pagar aos que vão colher a jinguba da lavra da missão. Os primeiros sacos, ainda os carreguei sozinho. Mas depois um funcionário do armazém encheu-se de compaixão e foi ajudar-me. No fim as molas do cavalinho denunciavam o peso. Apesar de ser tempo de Cacimbo fiquei bem transpirado e com muita farinha colada à humidade da roupa, mas o coração, esse pulava de contentamento.
Mais uma noite passada na casa da Bernardeth e do Carlos e na quarta de manhã, depois do mata-bicho e de carregar algumas coisas mais leves que tinham oferecido à missão no dia anterior, rumei ao Sumbe.
No percurso ainda fui mandado parar pela polícia três vezes. Um viu que devia “ser da Igreja” e logo me mandou seguir. Outro mirou e remirou a carga, também percebeu que seria missionário, manifestou admiração por viajar sozinho, mas mandou-me seguir com votos de boa viagem. O terceiro pediu documentos e informou-me que aquela viatura é de passageiros e por isso não pode transportar carga. La falámos um pouco e chegámos à conclusão que ambos conhecíamos D. Joaquim Gonçalves, atual bispo de Viana (nos arredores de Luanda) e antigo pároco deste agente de autoridade. Conseguida a sua benevolência, lá segui viagem. Um outro só se apercebeu da carga que levava muito próximo, ainda esboçou um gesto para mandar parar, mas era muito em cima... escapei.
Cheguei ao Sumbe pela hora do almoço e à minha espera estavam a Teresinha e o avô Filipe, acolhedores e bem dispostos.
De tarde foi o esvaziar das malas, separar as cartas, encomendas e miminhos e depois a preparação para retomar o ritmo habitual dos trabalhos por cá.
No dia seguinte veio visitar-nos a Imaculada, mãe afetiva do meu xará Vítor, que tem quase seis meses e está com bom aspeto. Também cá estava a mãe Maria e todos juntos tirámos a foto que podem ver.
Amanhã, quer dizer… hoje, partiremos para a Donga logo pela manhã. O jipe já está praticamente todo carregado. Só faltam as bagagens pessoais e pouco mais. Se Deus quiser, voltaremos dia 7 de Julho. Depois daremos conta destes dias.
Um abraço e até lá.

P. Vítor Mira

3 comentários:

Anónimo disse...


Olà "Linha da frente"!

Assim sendo boa continuação, até à Donga :)

ana carreira

Anónimo disse...

Que alegria que tudo correu bem com a graça de Deus.
Então continuação de boa missão para cada um de Vós e que Deus seja sempre a vossa FORTALEZA.
Um beijinho e um grande abraço misssionário.
Vossa mana Ir.Nancy

Tio Serra disse...

Olá linha da frente, dou Graças a Deus pelo regresso atribulado mas que com a ajuda de Deus e a calma do Pe. Victor chegou bem ao Sumbe.
Agora resta-me rezar para que o Senhor vos acompanhe sempre.
Um grande abraço a todos.
Estamos juntos
Tio Serra.