sábado, fevereiro 16, 2019

Walale Portugal

Acordei às 5:30 da manhã para conseguir escrever qualquer coisa para postar que o trabalho aqui na missão não tem dado tréguas, mas tudo se faz!
Bom, dia 30, eram 8 da manhã, já eu tinha desembarcado e estava na alfândega de Angola na fila para mostrar o visto. Mais uma hora, menos uma hora, lá me despachei… Levantei as minhas malas, e depois de uns contratempos com um funcionário do aeroporto, saí para me juntar com a minha nova família.
Seguimos para fazer algumas compras e, já próximo da hora de almoço, fomos às instalações dos amigos da “Imomukua” para entregar algumas coisas e onde nos concederam a refeição.
Após o almoço faltava ainda uma coisa para finalizar as tarefas na zona de Luanda, o Altar de vidro em Viana que foi oferecido pelo amigo Vítor Moniz e seus amigos para a nossa capela na casa do Sumbe. Após carregado na Vidreira de Viana, seguimos viagem parando no habitual miradouro da Lua para a foto da praxe. Ainda deu para dar duas ou três bolachas aos nossos amigos macaquitos na travessia do rio Kuanza.
“CHEGÁMOS AO SUMBE!” – Eram já 23 horas passadas e muita vontade de dormir. Lá estavam as manas, o tio Batata, e o cão da missão à nossa espera. Umas saudações e uns cumprimentos rápidos para nos irmos então deitar.


Fui apresentado ao bispo do Sumbe num dia em que foi possível ser-me apresentada a cidade. Tive oportunidade de conhecer a Catedral, o Bispado, a beira-mar, enfim, tudo um pouco do que a cidade do Sumbe tem para mostrar pelas suas estradas sempre bem pavimentadas, ou não…
Antes da subida deu ainda para algumas tarefas preparativas… Substituir o pneu do cavalinho que tinha furado na viagem a Luanda.


No dia da subida, antes da missa na igreja da “Pedra Um”, logo pela manhã, deparamo-nos com mais um contratempo, partiram-se outra vez dois postes de madeira da linha que abastece a casa da missão, “Não tem problema! Vamos resolver!” e assim foi… Cavar… Levantar... Amarrar! Ficou resolvido. Na igreja celebrámos Eucaristia onde duas meninas foram consagradas irmãs Guadalupanas. Um missionário recém-chegado fica sempre deslumbrado com os cânticos deste povo nas celebrações!



Subimos então ao Gungo acompanhados pelo Vítor Moniz, amigo do grupo “Volta a África” que desejou ir ao terreno para perceber as necessidades. Ele levou a carrinha dele até ao Sapato, onde as condições da picada são ainda aceitáveis, depois juntou-se a nós no cavalinho branco.
Subimos até ao Uquende onde pernoitámos todas as noites até ao regresso.
Deu para subirmos ao monte “Kavinjo” para tirar algumas fotos antes de começar os trabalhos.




Estava planeado começar a erguer a capela, mas dadas as condições do BTC, que não curou o tempo suficiente e tanto a sua resistência como as suas medidas estavam ainda em evolução, tivemos de realizar outras tarefas. No primeiro dia, a equipa de trabalhos empenhou-se, juntamente com o amigo Vítor Moniz em nivelar o piso do alicerce da capela… Carro de mão para aqui, pazada para ali e, no segundo dia, tínhamos já o piso alinhado…


Sem os blocos de BTC para as primeiras fiadas o trabalho para a equipa estava a escassear e então surgiu a ideia de carregar o Unimog com terra para fazer blocos e ir descarrega-la à Donga. Por conseguinte, descarregar a terra e carregar o Unimog de blocos BTC para descarregar no Uquende para as fiadas superiores da capela. No sábado montaram-se as luzes “SUNIGHT” em casa do tio Roque e do tio Mariano. As luzes chegaram a nós através da Inês Figueiredo e têm a funcionalidade de captar energia durante o dia através de dois mini-painéis solares e durante a noite tem um LED que pode ser aceso através de um comando remoto.



Ainda no Sábado, já à tarde, foi altura de começar os meus primeiros trabalhos como serralheiro aprendiz! A moagem do Uquende - “Olumema Olumema” tinha uma fissura no triturador de milho e tive de dar uns pingos para fechar a fissura. O trabalho não está à altura de um verdadeiro serralheiro, mas por aqui faz-se o melhor que se pode…
No Domingo de manhã, celebrámos a Eucaristia e, à tarde, fui à lavra com a mana Teresa e com a mana Sílvia. Lá estavam os quatro sobrinhos da Teresa sozinhos (Todos com menos de 10 anos). Sozinhos colhem o que vão comer e cozinham o seu almoço, sujeitos a lidar com animais perigosos e a trabalhar de sol a sol. Enfim, algo que vou guardar na memória.

Na segunda-feira, pelas 10 da manhã, iniciámos a descida. A mana Teresa ficou na Donga para puder ir à escola e por lá vai permanecer no decorrer do ano letivo. No posto de saúde do Uquende transformámos o cavalinho em ambulância e transportámos um ferido de um acidente de mota. Tinha o pé em mau estado e precisava de intervenção. Foram horas de picada dolorosas para o homem. Já depois de lhe terem visto o pé diz que já não se lembrava da viagem que fez desde o Uquende até ao Sumbe… Tal era o sofrimento…
No Sumbe a minha preocupação era de fazer todas as tarefas que tinha planeado fazer quando estava no Uquende, mas já vi que isso não é modelo. Na missão não há dia nenhum que corra como planeado nem há um dia igual a outro.
Bom, como previa pintei o chapéu da admissão do Elefante com primário, mas como depois surgiu outra tarefa, foi assim que ficou, com o primário… Agora temos um Elefante que dá nas vistas! Com o chapéu laranja!



Ora qual foi essa tarefa que nos ocupou tanto tempo? Bom, após uma viagem com o cavalinho para comprar peixe, pediram-me para lhe dar uma limpadela nos tapetes da frente e de trás e quando levantei um bocadinho o tapete da frente vi que tinha tanta terra e tanto lixo das dolorosas viagens que já fez que até tinha já três ou quatro sítios com chapa completamente podre.
Objetivo: Tirar bancos, tapetes, cintos, quase tudo o que vai desde o volante até às portas da bagageira para reparar os podres e repintar com primário. Tudo apenas em dois dias como se já fosse eu bate-chapas há vinte anos… Depois do jantar da quinta-feira tive de pedir ao nosso “MC Gyver” de serviço, o padre David, para me ajudar. Foi até à meia-noite a pintar com primário o chão do chassis do cavalinho que agora se pode chamar de cavalinho laranja! Este é um trabalho que vai ter de ser concluído na próxima descida.

Na sexta-feira fomos à Conda (Eu, a mana Sílvia e a mana Fernanda) para nos abastecermos de água e foi no caminho para lá que andei na estrada mais bem transitável até agora em Angola (Condições semelhantes à da nacional 113 em Portugal, com os tradicionais buracos atempadamente). No regresso conduzi eu o cavalinho e entre os barulhentos “Olha o buraco, OLHA o buraco, OLHA O BURACO!” da mana Sílvia, lá havia um ou dois que não escapavam…

Agora cá estamos a apertar as últimas cordas no Unimog e no cavalinho para mais uma subida.

“Lalapo!” ou “Até já!”

Estamos juntos,
Humberto

2 comentários:

Ção Julião disse...

Que lindo testemunho Humberto! Adorei!
Que assim continue. Lalapo! 😊

Anónimo disse...

Parabens pela vossa missão! Deus no coraçåo. Abraço para cada um.
Longe da vista mas perto do coração.Mana ir. Nancy