quinta-feira, setembro 07, 2006
Histórias que se repetem
A missão também é espaço de reencontro. É mesmo caso para dizer: mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, mas a história repete-se.
Já vínhamos com quatro horas bem abanadas de viagem em picada naquela segunda-feira, 4 de Setembro. E que bem contentes que íamos por não haver nenhum percalço.
Mas, quando chegámos à Chipinga, vindos da missão Donga, lá nos avisaram que um “candongueiro” (nome por que aqui são conhecidos os comerciantes) estava “empancado” na via. Quando estávamos perto, parámos o jipe a certa distância, em lugar onde podíamos manobrar, pois mais para a frente seria complicado.
E a suspeita confirmava-se: um velho IFA (marca do camião) avariado em plena picada, depois de uma curva, numa descida, em zona bastante estreita. Parado e “abandonado”.
Mas as nossas vozes atraíram a tripulação de três elementos.
“Ó senhor padre é a ‘maca’ de uma peça de embraiagem que partiu. O rapaz já foi ontem de mota, ao Sumbe, para ir remediar; já não deve demorar”. Mas… oh, afinal é o senhor padre Vítoré, te lembras senhor padre, da outra vez foste você que me desenrascaste quando tive aquela ‘maca’ com o Chipualanga.
“Oh, não, disse eu, você dá-me azar na picada. Outra vez a impedir-me a passagem…” bem me recordava, Julho de 1996.
Ia para o Gungo e estavam dois candongueiros e discutir porque os seus camiões ao cruzarem-se tinham-se “enganchado” um no outro. O que subia não tinha arranque e o que descia com um pneu furado. Não havia passagem. E se é que aqueles homens discutiam a toque de “capuca” (agua ardente de cá), quase a chegarem a vias de facto.
Como padre e homem de paz, tentei não apenas resolver o meu problema, mas também o deles. Capinámos e cavámos ao lado da picada e passei em frente. Depois tivemos que arredar os camiões; finalmente, com o meu velho Toyota Bandeirante, reboquei o camião deste mesmo “mano” que agora reencontrava, e lá o coloquei a trabalhar.
E agora dizia-me este candongueiro, de novo movido a capuca que até cheirava à distância “é a segunda via que o Sr. Padre Vítoré vai desenrascar!
Desta vez a manobra foi algo mais arriscada pois a picada era mesmo estreita. Rebocar o camião não deu, embora tenhamos tentado. A solução foi colocar umas pedras à frente das rodas, um pouco mais à frente e empurrá-lo para lá, encostando-o o mais possível à barreira.
Depois foi cortar bananeiras do lado da ravina, cavar terra com a catana e colocar pedras para fazer “chão firme”.
Depois, com as preciosas indicações do P. David, entre o camião e ravina, lá consegui fazer passar o jipe. No fim, uma hora e meia depois, que alívio! A alternativa era esperar até que o camião fosse arranjado.
Lá nos despedimos ainda mais animados do que quando nos encontrámos e seguimos viagem.
Pedimos a Deus que a “maca” tenha sido resolvida porque sábado temos que lá passar novamente.
P. Vítor Mira
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1 comentário:
De facto Deus confiou no seus dons e po-los a render...este acontecimento é uma prova disso! estamos juntos patele Victoriiiii!
Rute
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